Saúde

Uso inadequado de remédios aumenta na pandemia

06/05/2022
Pixabay

O uso indiscriminado de medicamentos é responsável por 80% dos casos de intoxicação atendidos na rede de saúde do Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A situação é preocupante, e em escala global, a ponto de a Organização Mundial da Saúde estabelecer uma data para alertar para o problema: 5 de maio é o Dia Mundial do Uso Racional de Medicamentos.

O uso irracional antibióticos pode produzir a chamada resistência bacteriana — as bactérias se adaptam e criam resistência ao medicamento, gerando o agravamento de infecções que seriam tratadas facilmente.

 

Consumo exagerado de antigripais e anti-inflamatórios

Na pandemia, os brasileiros também intensificaram o hábito do consumo exagerado de antigripais e também anti-inflamatórios. São medicamentos usados para atenuar sintomas como corrimento, obstrução nasal e espirros, mas que provocam efeitos colaterais como irritação gástrica, ativação de úlceras e até hemorragias digestivas.

 

Uso inadequado de remédios

Entre as crianças, as intoxicações medicamentosas ocorrem principalmente quando elas ingerem remédios deixados em locais inadequados, ao alcance delas, achando que é uma guloseima. Também ocorre de ele tomar remédios de uso adulto ou receber uma dose exagerada do medicamento.

Os adultos se intoxicam por erro na dosagem do medicamento, reação adversa, ingestão do remédio errado por confusão entre as embalagens (muito comum entre idosos), principalmente os de uso contínuo. Outro caso muito comum é a pessoa tomar o remédio que vizinho ou amigo tomou, o que é perigoso pois doenças diferentes apresentam os mesmos sintomas.

O que fazer em caso de intoxicação medicamentosa

Em caso de intoxicação, a pessoa deve ser levada imediatamente a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), se possível com a embalagem do remédio. Não é indicado provocar vômito ou tomar leite, explica a chefe da Seção de Controle e Orientação em Intoxicação (Secoi) da Secretaria de Saúde de Santos, Cristiane Parmentieri Barga.

Uso errado de remédios lidera casos de intoxicações

A Seção de Controle e Orientação em Intoxicação (Secoi) da Secretaria de Saúde de Santos (SMS) registrou 264 casos de intoxicação por uso indevido de medicamentos no primeiro bimestre de 2022. O número é mais que o dobro do registrado no mesmo período no ano passado, quando foram contabilizados 129 casos.

Segundo a Secoi, 62% dos casos atendidos no primeiro bimestre de 2022 foram relativos ao uso indevido de medicamentos.

Em todo o ano de 2021, a Secoi atendeu a 2.492 casos de intoxicação, sendo 1.565 por uso incorreto de medicamentos, seja de forma acidental ou abusiva —em alguns casos, com intuito suicida.

A taxa de todo o ano foi de 63% de casos nos atendimentos. Crianças e pré-adolescentes (0 a 14 anos) correspondem a 476 dos casos de intoxicação medicamentosa. Os adolescentes (15 a 19 anos) contabilizam 103 casos, adultos (20 a 59 anos) registraram 640 casos e os idosos, 292.

A Secoi presta apoio dando instruções via telefone para toda a Baixada Santista e Vale do Ribeira, tanto para profissionais de saúde quanto para a população. Além da intoxicação por medicamento, o serviço também orienta em casos de acidentes com itens cosméticos, produtos químicos industriais e de limpeza doméstica, picadas de cobra, escorpião e aranha.

Os plantonistas explicam quais devem ser as primeiras medidas a serem tomadas em cada caso e quais os serviços de saúde mais apropriados.

Também é realizado trabalho educativo e informativo nas escolas de educação infantil e creches para prevenção de intoxicações, ação que integra o Programa Saúde na Escola (PSE), parceria entre as secretarias de Saúde e Educação, além de atividades de capacitação.

O serviço funciona 24 horas e pode ser acionado pelos telefones (13) 3222-2878 e 0800-722-6001. Outra opção de contato é o e-mail [email protected].

 

NÚMEROS QUE IMPRESSIONAM

Segundo dados do Conselho Federal de Farmácia (CFF), 77% da população se automedica e 47% têm o hábito de tomar remédio sem receita médica pelo menos uma vez ao mês.

Pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que, pelo menos, 50% da população mundial se automedica de forma irregular.

Cerca de 10% das internações hospitalares no mundo ocorrem em função do uso incorreto de medicamentos, segundo a OMS.

Segundo dados de 2019 da Fiocruz, 4,4 milhões de brasileiros já haviam usado opioides sem prescrição médica, mais do que o triplo de pessoas que usaram crack. O uso de opoides no Brasil aumentou 40% nos seis primeiros meses de 2021.

 

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