PortaVia

Quaresma: escola de conversão

10/03/2023
Quaresma: escola de conversão | Jornal da Orla

Este não é um espaço dedicado aos temas religiosas. Eu sei. Mas, de quando em quando, eu o tomarei para tanto, esperançoso de transmitir algo bom e capaz, quem sabe, de animar pessoas em seus caminhos espirituais.

Espero ser útil e que o Alto me proteja em minha prece: Senhor, independentemente do que eu fale, que cada um escute o que necessite.

Pois bem, sigamos em boa-fé e para o bem comum.

Estamos liturgicamente no tempo forte da Quaresma, tempo em que a Igreja se veste de roxo e exorta os fiéis às práticas piedosas do jejum, da penitência e da esmola, a caridade em exercício.

Tempo de estudos da Palavra de Deus e da sã doutrina; tempo de oração intensa, de exercício do sacramento da reconciliação e de rasgar o coração para Deus, a fim de nos prepararmos dignamente para a grande festa da Páscoa, o epicentro da fé cristã.

E um texto sobre esse tempo forte merece ser inaugurado com as palavras de santo Inácio de Loyola.

Abro aspas:

“PRINCÍPIO E FUNDAMENTO:

O homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus Nosso Senhor e assim salvar a sua alma. E as outras coisas sobre a face da terra são criadas para o homem, para que o ajudem a alcançar o fim para que é criado. Donde se segue que há de usar delas tanto quanto ajudem a atingir seu fim, e há de privar-se delas tanto quanto dele o afastem. Pelo o que é necessário tornar-nos indiferentes a respeito de todas as coisas criadas em tudo aquilo que depende da do nosso livre-arbítrio, e não lhe é proibido. De tal maneira que, de nossa parte, não queiramos mais saúde que doença, mais riqueza que pobreza, honra que desonra, vida longa que breve, e assim por diante em tudo o mais, desejando e escolhendo apenas o que mais nos conduz ao fim para que somos criados”

SANTO INÁGIO DE LOYOLA +
Exercícios Espirituais, Anotação 23

Fecho aspas

Tudo o que nos aproxima de Deus, consolação ou desolação, há de nos ser agradável; tudo o que nos afasta, os mesmos e contrapostos sentimentos, há de nos ser detestável.

As circunstâncias de nossas vidas serão perspectivas boas, ainda que sofridas, se ao Senhor da Beleza nos conduzir. Eis algo a acreditarmos piamente.

Visando que cada um de nós possa melhor caminhar para a Páscoa e em espírito penitente, compartilho anotações simples que fiz em exercício espiritual algum tempo atrás e que tratam da poderosa pedagogia da cruz.

Que todos entrem animados na terceira semana da Quaresma, inspirado por palavras colhidas de bons sacerdotes e pregadores.

Vejamos:

Tema: A CRUZ DE CADA DIA.

“Tudo que Cristo é e fez participa da eternidade Divina e a eternidade Divina é o AGORA, porque Cristo vive entre nós.”

“Cada verdade de fé é um apelo de Deus ao nosso amor. Amor de Deus é o amor que Ele tem por nós em primeiro lugar.”

“O Mistério Pascal é o que une a Paixão, a morte, a ressurreição, a vitória e a glorificação de Cristo.”

“Quer saber o que é o Amor? Olhe Cristo na cruz. A parábola do Bom Pastor é auto-retrato de Cristo (Jo, 10)”

“A cruz é o grande não ao pecado, não ao egoísmo, raiz de todos os erros. A cruz é um sim ao amor.”

“Deus disse não a si mesmo (São Paulo, carta aos Filipenses). A doação de Deus é um esquecimento de si mesmo”.

“Quem quer amar e dizer sim a Deus é preciso dizer não as três cabeças de cobra do egoísmo. São João em sua primeira carta chame de três inclinações más, três apetites em um mundo inundado pelo pecado: afetos desordenados da carne, dos olhos e do orgulho. A busca desenfreada dos prazeres ilícitos ou a deformação dos lícitos.”

“Remédios? PENITÊNCIAS. Aceitar as cruzes que Deus nos envia. O Espírito de Simão, o Cirineu, que ajuda, ainda que inicialmente obrigado, o Senhor a carregar a cruz. (Os filhos de Simão, diz a Tradição, se tornaram populares entre os primeiros cristãos).”.

“A atitude do católico diante do sofrimento: Obrigado, Deus, pela dor que me une a tua Cruz. Quando sofremos, podemos nos unir a Jesus oferecendo nossa dor para reparar os pecados do mundo.”

Que nesta segunda sexta-feira da Quaresma do ano da Graça de 2023 possamos rezar solenemente o miserere (salmo 50) estender uma mão ao alto para pedir apoio a Deus e estender outra a quem sofre, fazendo-o com joelhos fincados no chão e olhar voltado ao próprio coração.

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete a linha editorial e ideológica do Jornal da Orla. O jornal não se responsabiliza pelas colunas publicadas neste espaço.