Acabei de voltar da Espanha, onde fiquei quase um mês por causa de curso de especialização em Direito na Universidade de Salamanca.
Foi o quarto curso que fiz nessa Universidade, mãe de todas as da IberoAmérica e que tem 805 anos.
O contato com Salamanca, a vida acadêmica e alguns interesses profissionais, fazem-me muito próximos da Espanha.
Sinto-me o mais espanhol dos descendentes de italianos do Brasil e a ligação é tanta que integro o quadro associativo do Centro Español de Santos, o que muito me orgulha.
A Espanha é maravilhosa.
Bonita, charmosa, cheia de vida.
Cidades belíssimas, cultura encantadora, gastronomia excelente.
A cada vez que venho aqui, encanto-me mais.
Sinto-me um salamantino.
Curiosamente, quanto mais conheço a Espanha e dela me enamoro, mais admiro Portugal.
Salvo engano, escrevi certa vez sobre isso: a magnitude portuguesa que se vê na grandiosidade espanhola.
Se sim, permito-me de novo repetir assunto que me instiga.
A Espanha foi, depois de Roma, o maior e mais longevo império ocidental.
Engana-se quem pensa ter sido o britânico.
“El imperio donde nunca se pone el sol”: das Américas à Ásia, a Espanha conquistou muita coisa, menos Portugal.
Tentou muitas vezes, mas Portugal nunca se deixou dominar.
Desde que Afonso Henriques foi proclamado rei em campo de batalha e bula Papal confirmou sua coroa, Portugal manteve íntegro seu mapa.
Não satisfeito em não se deixar dominar pelo enorme vizinho, rivalizou-o e também se tornou um império, deixando marcas pelo mundo.
Fabuloso, não?
Sem Portugal não haveria Brasil.
Impressiona-me que um país tão pequeno, com população menor do que a cidade de São Paulo, tenha ido tão longe e protagonizado a história universal.
Arriscando-me a blasfemar, penso que Camões foi até modesto ao cantar a grandiosidade dessa brava gente portuguesa.
O próprio Brasil não existiria sem Portugal. Um professor disse-me certa vez e repito: o Brasil nasceu de grande esforço apostólico dos reis de Portugal.
A “gesta Dei” deles foi exatamente esta. Portugal em suas conquistas foi além de si mesmo e expandiu ao mundo os espaços da Verdade.
A existência de Portugal é um assombro e deveria ser pensada e repensada seriamente por todas as gentes.
Por Deus, como admiro Portugal!
Insisto: quanto mais cresce em mim o amor pela Espanha, aumenta o por Portugal. Compreende-se a grandeza da Espanha. Ela faz sentido segundo as circunstâncias. A de Portugal, não. Ela rompe as barreiras da lógica e das circunstâncias.
Portugal desafiou a lei das probabilidades, fez-se o primeiro teste geopolítico do binômio circunstâncias-perspectivas, redefiniu a ideia de superação de adversidades e transcendeu a si mesmo quando decidiu ser um dos senhores dos mares e oceanos.
No espelho da grandeza da Espanha vê-se muito bem refletida a de seu pequeno-grande vizinho: o porto onde o galo canta primeiro.
…
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete a linha editorial e ideológica do Jornal da Orla. O jornal não se responsabiliza pelas colunas publicadas neste espaço.