Um estudo recente, divulgado na revista “Nature” na última quarta-feira (27/03), revelou que o derretimento das calotas polares está desacelerando a rotação da Terra, o que poderia resultar na necessidade de adicionar um segundo extra ao tempo oficial internacional pela primeira vez na história.
O pesquisador Duncan Agnew, professor de geofísica na Universidade da Califórnia e autor do estudo, destacou que a quantidade significativa de gelo derretido levou ao aumento do nível do mar, alterando assim a forma e a taxa de rotação do planeta.
Essas mudanças têm implicações diretas na forma como medimos o tempo globalmente. Enquanto o horário oficial internacional é regulado por relógios atômicos, ainda levamos em consideração a rotação da Terra por razões históricas e culturais.
Devido às flutuações na velocidade de rotação, a duração de um dia raramente é exatamente de 24 horas. Isso eventualmente leva a discrepâncias entre o tempo dos relógios e o tempo real da Terra. Para ajustar essa diferença, é adicionado um segundo adicional, conhecido como segundo intercalar, ao Tempo Universal Coordenado (UTC).
O aumento na velocidade de rotação da crosta terrestre desde a década de 1970 foi detectado, influenciado por correntes no núcleo líquido do planeta. Isso resultou em uma diminuição na frequência de segundos intercalares adicionais, com a possibilidade inédita de remover um segundo do UTC.
O momento preciso dessa mudança ainda está em debate e dependerá do impacto das atividades humanas no ambiente até lá. Originalmente previsto para 2026, o segundo adicional poderia ser necessário em 2029 devido ao aquecimento global e ao consequente derretimento das geleiras.
Embora pareça insignificante, essas alterações têm implicações práticas. Por exemplo, sistemas de computação em transações de bolsas de valores podem precisar de reprogramação e tornar-se mais suscetíveis a erros.