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Che: uma vida revolucionária – um romance gráfico

03/05/2023
Che: uma vida revolucionária – um romance gráfico | Jornal da Orla

A biografia em quadrinhos de um dos maiores personagens do século XX

Superar preconceitos produz inúmeros benefícios: amplia a visão de mundo, enriquece a inteligência, traz novos interesses às nossas tão estreitas vidas. Não líamos graphic novels. Achávamos que HQ´s e romances em quadrinhos não ostentavam valor literário. Entretanto, por influência de um bom amigo, descobrimos essa arte que fusiona literatura e desenho com resultados espetaculares. Preconceito, enfim, superado.

Che: uma vida revolucionária – romance gráfico possui uma nota muito especial: foi concebida por Jon Lee Anderson (autor da aclamada biografia de Che Guevara) junto ao quadrinista José Hernandes. O trabalho impecável traz à lume a vida de um dos mais impactantes personagens do século XX: um homem de virtudes e contradições que entregou sua vida à ideia de um mundo livre da dominação imperialista sobre os países periféricos. Sempre batalhou na linha de frente mais extrema, sempre liderando soldados, nunca detrás de uma mesa.

No fim, é a estória de um argentino bem-nascido que se formou médico e abandonou tudo para mudar um mundo que considerava injusto. Nunca acomodado, vestiu a farda do início ao fim, sem férias e sem luxos: eis uma grande diferença para tantos outros militares que só sabem parasitar o Estado, ostentar privilégios injustificáveis e até mesmo conspirar contra a própria pátria.

Motivos para ler:

1- O estadunidense Jon Lee Anderson e o mexicano José Hernández convergiram texto e desenho em fina beleza neste romance gráfico. É imperdível;

2- Che Guevara aparece em muros na Austrália, em adesivos de carros no Paquistão, tatuado em Mike Tyson e Maradona, venerado como santo na Bolívia. Curioso notar que um homem que nunca pediu nada senão um posto no front de batalha se tornou uma figura popular tão forte – eis seu legado;

3- Um homem sem pátria ou de todas elas? Por que um argentino se aliou à Revolução Cubana e, depois dela, largou conforto e patentes para combater precariamente na África e nas florestas bolivianas com baixíssima chance de êxito? Che responde: “sejam capazes de sentir a injustiça em qualquer parte do mundo. Essa é a qualidade mais bonita de um revolucionário”. O debate deve permanecer aberto sobre o mais comprometido revolucionário da história.

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete a linha editorial e ideológica do Jornal da Orla. O jornal não se responsabiliza pelas colunas publicadas neste espaço.