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O tradutor cleptomaníaco e outras histórias de Kornél Esti

20/03/2024
O tradutor cleptomaníaco e outras histórias de Kornél Esti | Jornal da Orla

13 contos impagáveis de um mestre do ofício

O tradutor cleptomaníaco é um divertido livro composto por 13 contos, todos vivenciados pelo espirituoso Kornél Esti, que ora figurará como protagonista, ora como figurante. Mas que o leitor não se engane: por trás de cada despretensioso conto se esconderão valiosos conteúdos sob a forma de humor, beleza ou tragédia, tudo muito bem trabalhado pela caneta do enorme literato húngaro Kosztolányi.

O conto de partida – que dá nome à obra – já imprime o tom do livro todo: inteligência, elegância, humor, profundidade e simplicidade. Àqueles que olham com desconfiança para estas características literárias reunidas, por entendê-las incompatíveis, terão nestes contos a prova contrária: é possível, afinal, erguer literatura de primeiro quilate de forma acessível. Há de tudo neste pequeno mundo de contos: do luto por um simples chapéu até o fim do mundo; de uma amizade que finda em tragédia até o inóspito desaparecimento de um homem; de um presidente que dorme em reuniões até um triste farmacêutico que ganha ao menos um dia de alegria.

Enfim, diversão em altíssimo nível.

 

Motivos para ler:

1- Dezsö Kosztolányi (1885-1936) estudou e trabalhou sua vida inteira em Budapeste, onde se tornou jornalista e escritor. O húngaro é considerado pela crítica especializada como um dos grandes mestres da prosa moderna, colaborando ativamente para a renovação da literatura europeia;

2- O tradutor cleptomaníaco pode ser uma deliciosa porta de entrada para acessar a magnífica literatura do Leste Europeu. Que já a conhece, talvez se surpreenda com a leveza e o toque de humor desta obra. Seja como for, vale muitíssimo a pena;

3- Kornél Esti, o personagem permanente em todos os contos, certamente ganhará a empatia do leitor. Em dado momento, reflete: “Mas grande parte da humanidade é de incorrigíveis idiotas, plenos de presunçosos preconceitos, cheios de falsos pudores”. Nada mais atual, Kornél.

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