Tu View

A melhor série de ficção que você (talvez) não ouviu falar

19/04/2022
A melhor série de ficção que você (talvez) não ouviu falar | Jornal da Orla

Renato Figueiredo

Histórias de ficção científica conseguem te levar a lugares que você nunca imaginou possíveis, com tecnologias avançadas em épocas que talvez nem a humanidade consiga alcançar. Mas boas histórias de ficção usam tudo isso como ferramentas para nos fazer refletir sobre o momento em que vivemos e onde podemos chegar, ou acabar, enquanto sociedade.

E hoje eu estou aqui para falar sobre uma dessas boas histórias: The Expanse, uma série de seis temporadas que está disponível no Amazon Prime, e é baseado nos livros de James S. A. Corey, pseudônimo usado pelos autores Ty Franck e Daniel Abraham.

O pano de fundo da série é um futuro onde a exploração espacial avançou o suficiente para a colonização do Sistema Solar, com estações espaciais e bases científicas construídas pela galáxia, além de começar o processo de terraformação de Marte. Além disso após gerações de nascimentos fora do poço gravitacional dos planetas, surgiram os Belters, pessoas que cresceram em baixa gravidade, e por isso são fisicamente diferentes, com membros mais compridos e ossos mais frágeis, incapazes de aguentar a gravidade dos planetas por muito tempo.

E nesse cenário de expansionismo intergaláctico a humanidade continua basicamente a mesma. Terra e Marte vivem em constante conflito e quem mais sofre são os Belters, que apesar de serem a principal força de trabalho de toda a galáxia, minerando recursos vitais para a sobrevivência dos dois planetas, muitas vezes se vêem privados do acesso à água e oxigênio.

A história segue a tripulação da Rocinante, uma nave de guerra marciana que vai parar nas mãos do capitão (não por escolha própria) James Holden, após eles se depararam com uma conspiração que altera tudo o que eles sabem sobre o universo e influencia de forma significante toda a civilização humana pelas décadas seguintes.

Contar mais que isso seria entrar em território de spoilers, mas o que posso dizer, é que a série entrega seis temporadas que fazem um ótimo trabalho de adaptação dos livros. Os personagens são tridimensionais, com interesses, relacionamentos complexos e conflitos internos próprios.

Um dos pontos principais, é que a trama preza por mostrar que conflitos quase nunca são sobre heróis e vilões, mas sim pessoas comuns, que na maioria das vezes acabam envolvidos em algo contra a sua vontade, mas são obrigados a tomar decisões para salvar as próprias vidas ou a de outros. E em diversos momentos os personagens, assim como os leitores, se veem questionando o quanto é fácil desumanizar seus próprios semelhantes quando o medo se instaura, e a desinformação vira uma arma em mãos gananciosas.

Eu acabei partindo para os livros assim que acabei a primeira temporada da série, mas infelizmente, apenas o primeiro, Leviathan Desperta, foi lançado oficialmente no Brasil. O que é uma pena, já que existem outros oito livros ao todo. A adaptação também foi bastante injustiçada. Após três temporadas no SyFy, ela foi subitamente cancelada e só foi comprada pela Amazon após uma campanha ferrenha dos fãs fieis, que incluiu até mesmo alugar um avião para voar ao redor da empresa de Jeff Bezzos com uma faixa dizendo “Salvem The Expanse”. Assim ela ganhou outras três temporadas, com um orçamento bem mais generoso, e que mesmo não tendo o mesmo final dos livros, ainda ganhou uma conclusão digna, que deixa abertura o bastante para possíveis novas temporadas sem deixar de ser satisfatória.

Pessoalmente, considero The Expanse uma das melhores séries de ficção científica da atualidade. E como fã de Mass Effect, posso dizer que a série preencheu um vácuo que eu sentia desde o final da saga do Comandante Sheppard. Ah, e vale uma observação para quem também curte games! A série vai ganhar um jogo, feito pela Telltale, estúdio que ficou famoso pelo point and click de The Walking Dead!

Renato Figueiredo é jornalista, organizador de eventos de cultura pop e fundador do programa Pixel Café

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete a linha editorial e ideológica do Jornal da Orla. O jornal não se responsabiliza pelas colunas publicadas neste espaço.