Positividade

Sobre Mudanças

27/01/2021
Sobre Mudanças | Jornal da Orla

O corpo muda, a cabeça muda, o mundo muda. Mudar é natural e faz parte da Vida. Já a resistência à mudança causa desgaste e sofrimento. 

A Natureza vai fluindo com as mudanças de fases, cada novo ano, as energias mudam e Ela segue na dança eterna da entrega e pequenos ajustes diários para que o sistema não perceba de forma abrupta o fim de um momento e começo de um novo. Uma tecnologia suave de transformação, auto regulação e regeneração.
E é o próprio impulso da Força de Vida na Terra que nos convida a mudar, junto a seus ciclos, para que a gente possa harmonizar.

Ao resgatarmos a habilidade de observar os processos cíclicos, afiamos a mente para a capacidade de extrair as informações necessárias para quebras de padrões que estejam nos estagnando e, assim, renovar nossa Vida. 

Um ciclo de vida x morte x vida, se fundamenta na desconstrução de algo que já esteja demandando mais energia do que agregando valor ao sistema. E com esse olhar passamos a encarar a morte como um passo para transcender à uma nova etapa de existência.

Mas somos apegados, apegados aos nossos privilégios, aos nossos sofrimentos. Nos apegamos às dores, ao papel de vítima. 

Para que a Vida na Terra mude, a gente precisa abrir mão desses papeis todos, e seguir em frente.
Em algumas Rodas do Xamanismo, o Verão é a época do Coiote. Para muitos, o Coiote é visto como trapaceiro, porque prega umas peças para que a gente olhe para o que estamos fazendo da nossa Vida, e volte para o nosso Caminho. 

Ele que traz a gente para os caminhos da mudança e da evolução. Este sagrado Trapaceiro equilibra a Vida daqueles que se acomodam no seu autodesenvolvimento, mantendo as coisas “erradas” o suficiente, para que o impulso da mudança se faça presente.

No Caminho do Herói, de Joseph Campbell, o chamado da Aventura começa depois de um acontecimento traumático e que impulsiona a mudança profunda, íntima, que leva ao contato com a sua felicidade por se preencher de sua força, talentos e virtudes.

Mas temos medo das mudanças. Preferimos ficar parados e com uma sensação real, por mais que escondida, de estagnação. Aquela inquietação que sentimos por algo a mais, mas que é oprimida pelos medos sociais que nem sabemos que carregamos.

Para que a Vida prospere, é na Integração de nossas potencialidades que iremos achar sustento. A mudança estrutural precisa ter base em um coletivo diverso. Para que a vida seja boa para todos, todos tem que ser ouvidos. Consigo ouvir a minha própria dúvida batendo em relação a possibilidade de isso acontecer nas complexidades do mundo imenso e intolerante que se apresenta atualmente.

Mas são os pequenos movimentos, que já estão acontecendo, que irão permitir essa quebra dos padrões. Sejam ONG’s, sejam cooperativas, sejam círculos de mulheres. 

Resgato a fala sobre Rodas de Medicina, com o gancho dos círculos de mulheres. Na Roda que transmite a sabedoria das Anciãs, são passadas, a cada lua do ano, uma habilidade que nos conduz a construção do nosso mito pessoal. 

E mitos são uma maneira criativa de trabalhar a psique humana. E transformar sua história pessoal em um mito, tira da mente racional os acontecimentos que geralmente mantemos naquele lugar de apego aos papeis, e mescla com arquétipos do inconsciente coletivo, para que a gente possa transcender as barreiras da lógica e assim acessar um outro estado de Consciência.

Trazer clareza para a consciência, muito trabalhada pelo Coiote, também traz essa energia traiçoeira. É muito melhor se for construída com bom humor e leveza, senão vamos nos mantendo no lado escuro da lua e nos sofrimentos do papel de vítima.

Uma das ferramentas que costumo indicar para as pessoas com quem trabalho, é a de reescrever a sua história com um olhar positivo. Experimente contar o que viveu com essa perspectiva mais leve, e com senso de humor.
 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete a linha editorial e ideológica do Jornal da Orla. O jornal não se responsabiliza pelas colunas publicadas neste espaço.