Tudo em nossas Vidas é cíclico. Na verdade, tudo na natureza é regido por ciclos que buscam preservar o equilibrío. Temos as estações do ano, os ciclos da Lua, a noite e o dia.
O Sol e a Lua dão o pulso diário às nossas Vidas. Estabelecem os momentos de repouso e atividade. A fisiologia do corpo se estimula com a luz solar e produz os hormônios que precisamos para estarmos ativos durante o dia. Assim como à noite, os hormônios produzidos pelo escuro induzem ao relaxamento, e ao sono.
Os meios digitais, televisão, celulares e computadores não são bons aliados para a hora de dormir. Muito provavelmente se, ao invés de ficar assistindo jornal e trocando mensagens, fôssemos ler um livro ou meditar, a noite de sono seria muito mais tranquila e restauradora.
Podemos perceber a relação entre os diferentes ciclos que nos regem também. Temos a meia noite, momento de começar um novo dia, relacionado a lua nova, ao inverno. Onde o convite é para interiorização. A vida está acontecendo no interior, seja da Terra, seja de nossa consciência enquanto dormimos. Para as mulheres, esse momento seria o da menstruação, e antigamente havia a permissão para o retiro de mulheres em tempo de lua para que pudessem se conectar com essa sabedoria interna que está mais aflorada. Podemos relacionar também com o momento na Vida humana em que estamos em outros planos de existência, dentro das barrigas de nossas mães, ou enquanto somos bebês.
Com o passar do tempo, por volta das 6h da manhã e a chegada do Sol, nosso corpo se ativa. Relacionado a Lua Crescente, e a Primavera, é aquele momento em que estamos abertos a ação dentro de todas as possibilidades que se apresentarão nesse novo período. Nos ciclos femininos, se relaciona com a pré-ovulação. Nossa energia está voltando a se expandir, assim como o Sol está se levantando no céu. Na vida humana, é a infância e juventude, estamos crescendo e desenvolvendo.
Ao meio dia chegamos ao ápice da nossa potência energética. Relacionada ao verão, a Lua Cheia. Onde as forças masculinas e femininas estão em maior equilíbrio. Período fértil para as mulheres e para todos na verdade. Estamos mais alegres, nutridos, expansivos. São nossos anos mais produtivos para a sociedade,
que oferecemos nosso melhor.
Com o cair do dia, o sol se põem e sobe a Lua. Momento de compreender o que aconteceu no dia, e pensar nas possibilidades do que sonhamos para o amanhã. Momento da lua minguante, do Outono. Liberar os excessos, aquilo que, nesse momento, está consumindo mais energia do que agregando. E isso pode ser sofrido para nós. Algo que nos é querido, ou nos foi muito bom um dia, termos que deixar ir. Mas podar não significa perder, significa fortalecer o sistema e permitir que a energia seja preservada para que surja o broto. Para o florescimento das plantas e dos humano s, uma poda bem feita é essencial. Nas mulheres esse é o temido período pré-menstrual, a famosa TPM. E é por isso que é temida, ela levanta a oportunidade de encararmos o que estamos retendo que nos consome muita energia e geralmente nos negamos a enxergar, esse momento não nos permite isso. As coisas vem à tona, e a raiva, frustração, medo e tr istez a aparecem para nos mostrar os desequilíbrios. Ve ja como tudo isso, quando feito em Presença, pode trazer imensa sabedoria do que faz sentido para nossa Vida, e nos ajudar a entender melhor quem Somos. Por isso se relaciona à fase na vida humana da velhice, aos anciãos.
Hoje em dia o ritmo frenético não nos dá a permissão de realmente relaxar, e ouvir nossos corpos quando estes pedem por descanso. Tempo é dinheiro, gente preguiçosa que não trabalha. A morte é tabu, não aceitamos muito bem as perdas, principalmente em uma sociedade que ensina a falta e retenção, como se o acúmulo trouxesse mais controle sobre a Vida. Acumulamos coisas, pessoas, conhecimento.
Esse mês na lua minguante eu me dei a liberdade de ficar uma semana trabalhando o menos possível, ouvindo o ciclo que meu corpo estava vivendo, e depois de viver esse período sem culpa e realmente realizando aquelas podas que o corpo estava pedindo para serem realizadas, voltei muito mais produtiva e
criativa.
A pausa e o descanso são essenciais para processarmos as experiências vividas, para restaurarmos nossa potência de criação. Se os dias de chuva não existissem, tudo seria deserto.