Como nós nos experienciamos é muito curioso. Nos nossos melhores momentos, é bem provável que nem nos notemos. Quando as coisas mais impressionantes estão acontecendo com a gente, o eu egóico dá lugar para uma outra expressão de Ser.
Quando, por exemplo, estamos trabalhando em algo que adoramos, e está tudo indo muito bem, ou estamos nos divertindo demais com alguma coisa, nós perdemos a noção de nós mesmos. É como se não estivéssemos ali enquanto indivíduo.
Esse fluxo acontece quando conseguimos abrir espaço para algo que está fora da nossa percepção de entendimento de como algo deveria ser ou deixar de ser. A própria experiência de realizar aquilo é o que valida a realização dela. Eu não espero nada de resultado além da própria oportunidade de experimentar.
E assim que deveria ser a própria Vida não é!? Para que esperar um grande resultado, a não ser viver a própria experiência de Viver? Errar, ou o que entenderemos como errado, é um resultado do experimento de Viver. E só saberemos que “não deu certo”, por ter deixado aquilo acontecer. Só tropeçamos nos buracos do caminho que escolhemos seguir. Os outros caminhos serão apenas os ideais não realizados, que sempre parecerão perfeitos em nossos “e se’s”.
Então percebe que esse eu ego não está presente nos nossos melhores momentos, ele apenas aparece quando algo sai um pouco do fluxo, daí começamos a julgar a experiência.
Ou seja, somos uma avaliação. O ego é um conjunto de conceitos e ideais morais, éticos, crenças pre estabelecidas que regulam a experiência da Vida. Então o que a gente geralmente identifica como sendo a gente, é a vozinha dentro da nossa cabeça que fica martelando conversas repetitivas e faz a gente limitar a nossa experiência vivida.
O jeito com o qual nós nos identificamos é aquele eu psicológico. Estar tão relacionado com a mente, que apenas reagimos a vida conforme os padrões mentais nos levam a reagir. Não é uma ação, é uma reação. Há sempre uma razão para aquilo que eu fiz, ter sido feito.
E esse eu psicológico é um eu moldado pela sociedade na qual estamos inseridos, sem escapatória.
Quando a gente consegue estabelecer uma Presença mais constante no momento, vivemos mais a partir do nosso estado de autenticidade. Aquilo que realmente acreditamos, e não refletimos apenas o que recebemos de ideais da sociedade.
O estado de flow acontece quando nossas maiores qualidade e forças se deparam com desafios equivalentes, que estimulam a superação dessa resistência, e que você se garante em ultrapassar.
Imagina que interessante seria se a gente trabalhasse com as crianças para que elas pudessem descobrir suas forças e virtudes e estarem o máximo do tempo delas em atividades que engatilhem esse processo de flow.
Desta forma elas estariam realizando o máximo de seus potenciais. E é nessa sociedade que seria muito mais legal de viver. Se desde crianças fôssemos estimulados a potencializar aquilo em que somos naturalmente bons, ao invés de sermos levados a padronizar nossos comportamentos e habilidades ao esperado e estabelecido como normal.
E esse normal esperado, acaba bloqueando a livre expressão autêntica de cada um. Pois podemos achar que estamos fazendo escolhas e agindo de forma livre, mas essas nossas escolhas estão a todo momento sendo realizadas a partir daquilo que aprendemos como bom ou ruim.
A Teoria do Florescimento Humano é um chamado para esse olhar, onde todos estamos sendo a partir desse estado de flow. Vivendo nossas Vidas, engajados em um propósito de realizar o Ser para a sustentação da própria Vida que acontece além de nossa limitada visão de nós mesmos.