Antes de começar, vamos parar por uns minutos. Apenas feche seus olhos, respire profundamente, e perceba. Comece a se perceber a partir dos seus pés e vá subindo devagar, sem pressa. Reconheça o que seu corpo está te dizendo. O que você está sentindo? Está relaxado? Ansioso? A respiração está curta?
É fácil para você identificar? Sua mente conseguiu se focar? Achou dezenas de ocupações para desviar a atenção e não se relacionar com aquilo que está acontecendo dentro de seu próprio espaço interno?
Semana passada começamos a ampliar nosso vocabulário de emoções. Esses breves exercícios ajudam imenso no processo de auto conscientização.
Temos algumas emoções básicas, que são aquelas que vem instintivamente, e nos fazem reagir para garantir nossa sobrevivência: medo, raiva, alegria, tristeza e repulsa. Quem assistiu ao filme Divertidamente, aquelas personagens correspondem a cada uma dessas emoções básicas.
Elas são as bases para as demais emoções que experienciamos. E são ativadas a partir de estímulos externos. Como já falei em outros momentos, quanto mais inconscientes, mais reativos, e não mudamos os padrões que sabemos que não nos servem mais.
Lógico que a fisiologia é algo importantissimo. Mas percebe-se que as questões culturais também são um fator de grande influência nas emoções que desencadeamos. Se a família que cresci tem uma tendência mais melancólica, eu me sentirei triste em situações que outras pessoas, que cresceram em outros contextos, sentirão raiva.
O ser humano é complexo demais para ser colocado em caixas tão limitadas. A imensidão interna de cada um também interfere na leitura que faz de um acontecimento, e isso transforma como cada ser percebe a Vida.
Por isso se fala tanto sobre cada um estar vivendo seu próprio sonho e ilusão. Que a gente cocria nossa realidade. Nossa captação cognitiva traduz o mundo pra gente, conforme nosso sistema entende.
E tudo isso é elástico. Mutável. Se a gente muda nossa perspectiva, o mundo de fato muda. E isso porque nossas ações serão diferentes se nosso corpo receber esses estímulos em outra linguagem.
A verdadeira inteligência emocional consegue identificar quais as forças culturais, políticas e sociais que nos influenciaram em sentir o que sentimos. E com essa visão ampliada, vamos desenhando o mapa da cadeia de ligações neurais que desenvolvemos.
Uma coisa interessante de se observar, é que as chamadas emoções “negativas”, são a grande maioria dessa lista de emoções base do nosso sistema. Acho que no nosso processo evolutivo, a função de sobrevivência que restringe nosso leque de ações, gerado pela ativação de emoções negativas, era mais benéfica em um ambiente hostil.
Daí mais uma vez nos deparamos com o contexto social como fator desencadeante de determinadas emoções. Na nossa sociedade moderna, o fortalecimento dos laços afetivos e a abertura de consciência que experienciar emoções positivas nos leva a viver, nos permite ter novas ideias e assim, construir um futuro com olhar mais otimista, com uma característica mais resiliente e mais socialmente amplo, acolhedor e justo. Estimulam nossa criatividade, reduzem os sintomas depressivos, se abre uma espiral ascendente.
Esta teoria, que tem o nome de Ampliar – e – Construir, foi elaborada por Barbara Fredrickson, e resumidamente falando aqui, nos relata que as emoções positivas estão mais ligadas com o preparo para algo futuro, e não limita os impulsos de ação a tão poucos e específicos, como as emoções negativas.
As emoções positivas que são tratadas nesse estudo especificamente são: Amor, alegria, gratidão, serenidade, interesse, esperança, orgulho, diversão, inspiração e admiração. Sendo que o Amor é a que tem maior força de equilibrar e estabilizar nosso sistema.
Agora, voltando para o começo do nosso texto, quando paramos, observamos e redirecionamos nosso estado interno para um que escolhemos em presença viver, usufruimos do poder de neuroplasticidade de nosso cérebro, e podemos alterar a qualidade da nossa mente.
E alterando a qualidade da nossa mente, aumentamos a qualidade do nosso sistema de saúde como um todo. Menos descargas hormonais prejudiciais, e mais descargas hormonais benéficas.
A prática de meditação, de atenção ao que ocorre no momento presente, faz aumentar a sensação de bem estar, pelo simples fato de você conseguir perceber o que está de fato sentindo. E não vivendo de acordo com o que imagina que vai acontecer, e nem lembrando e revivendo algum evento desagradável que sofreu.
Por isso respire. Pare por uns instantes, sem pressa. Apenas feche seus olhos, respire profundamente, e se perceba.
