A voz da consciência

Eu vou vou na contramão dessa história

10/01/2025
Eu vou vou na contramão dessa história | Jornal da Orla

Para começarmos a conversa, preciso deixar claro que o tema central não é o prêmio The Best da FIFA de 2024 para Vinicius Junior. Na minha opinião, ele vai muito além disso. Vou dividir a discussão em duas partes: primeiro, falarei sobre o desempenho em campo; depois, sobre as questões sociais que envolvem o personagem Vinicius Junior. Começando pelo campo: é preciso ter em mente que o critério para o “melhor do mundo” deve ser a capacidade de decidir jogos e garantir vitórias para o clube. Embora eu reconheça a conquista de Vini Jr., confesso que, pessoalmente, não o vi com frequência definir jogos sozinho. Talvez seja apenas uma questão de perspectiva. A não conquista da Bola de Ouro, concedida pela France Football, gerou bastante polêmica. No entanto, o prêmio da FIFA, a entidade máxima do futebol, é o que realmente importa, e ele o recebeu. Se houve superestimação, é uma questão de opinião. Outro ponto crucial é o futuro da Seleção Brasileira após a era Neymar. Muitos consideram Neymar o grande protagonista da geração atual. Mas, quem assumirá esse papel? Será Vinicius Junior? Se for, sua presença em momentos decisivos será fundamental. Sua ausência na final da Copa América contra o Uruguai, por suspensão <cartão amarelo>, impactou a campanha do Brasil. Embora não seja o único fator, sua ausência foi significativamente importante. Por fim, é preciso considerar o eurocentrismo presente tanto no prêmio The Best quanto na Bola de Ouro. A concentração de poder econômico nos clubes europeus faz com que a Europa seja vista como o centro do futebol mundial, relegando o resto do mundo à periferia. Agora, para se discutir o “melhor do mundo”, é preciso olhar para o mundo como um todo,

não apenas para um continente. É fundamental aprender a separar as coisas de forma diferente. A Bola de Ouro, concedida pela France Football, é um prêmio da imprensa, e, por isso, deveria ter um peso menor em relação ao prêmio The Best, concedido pela FIFA. A impressão que fica é que a FIFA precisava responder à polêmica protagonizada pela France Football. Ou seja, não se trata do mérito de Vinicius Junior na temporada 23/24, mas sim de uma resposta à imprensa especializada em futebol. Entendo que a discussão sobre a influência da mídia e da FIFA no futebol é muito rica e merece ser aprofundada. Concordo que a FIFA tem uma influência significativa no futebol, dada sua posição administrativa, e que essa influência precisa ser analisada criticamente e, se necessário, corrigida. Acredito que podemos, sim, discutir a influência da mídia no futebol, complementando a análise sobre a FIFA e explorando as interações e os impactos conjuntos dessas duas forças. Que aspectos da influência da mídia você gostaria de abordar primeiro? Por exemplo, podemos focar na construção de narrativas, na mercantilização do esporte ou na formação de opinião pública. Na minha opinião, o prêmio The Best da FIFA é um verdadeiro prêmio onde se escolhe o melhor do mundo, uma vez que, volto a dizer, a FIFA é a entidade administrativa do futebol mundial. Por outro lado, a mídia tem sua influência, uma vez que provocou a FIFA a levar o prêmio The Best para a Premier League, ao Qatar, onde estava sendo realizado o torneio intercontinental que decidiria o melhor clube da temporada. Como o Real Madrid estava na decisão do torneio continental sem passar por nenhum jogo classificatório, já direto na decisão, era óbvia a escolha de algum jogador do Real Madrid como melhor do mundo. Concorda comigo, meu querido leitor, minha querida leitora? Mas volto a dizer que, para mim, a escolha do Vinícius Júnior nesse momento não foi simplesmente porque ele é um bom jogador de futebol e tem qualidade, mas sim por uma questão de posicionamento social e político da FIFA. É lógico que ele tem qualidade, é um bom jogador e tem talento; porém, a polêmica causada pela escolha da revista France Football para o prêmio Bola de Ouro quase que obrigou a FIFA a reparar o que, para muita gente, foi um erro. Estou dizendo que a escolha do meio-campista espanhol Rodri, que joga no Manchester City, pela revista France Football como o melhor da temporada 23/24 exigiu da FIFA um posicionamento social e político, escolhendo Vinícius Júnior como o melhor jogador da temporada 23/24. Essa escolha leva em consideração a temporada europeia, que começa em agosto e vai até maio do ano seguinte, o que é mais uma prova do eurocentrismo que o futebol proporciona. Quero dizer o seguinte: a ideia dessa conversa não é questionar o resultado do prêmio The Best, até porque eu não acompanho futebol com tanto interesse. Já há muito tempo, há pelo menos quatro anos, vejo mais o futebol agora como lazer e não com a febre que eu tinha na infância. “É preciso levar em consideração onde é que o Vinicius Júnior joga atualmente. O Real Madrid, considerado o melhor time do mundo, foi eleito inclusive o melhor time do século XX. O que eu considero questionável, porque se você entender que o melhor atleta do século 20 foi o Pelé, o maior clube do mundo do século XX teria de ser o Santos. É mais uma prova de que o eurocentrismo existe e o Vinicius Júnior, nesse caso, mais uma vez aqui eu deixo claro que eu não estou tirando o mérito da escolha dele como o melhor da temporada, mas ele, nesse caso, é beneficiado por estar num clube que é considerado o melhor time do mundo.” “essa escolha do Vinicius Junior como melhor do mundo não significa dizer nada sobre o nível do futebol brasileiro até porque ele não se considera protagonista ou líder da seleção brasileira na ausência do Neymar que está fora da seleção nesse momento se recuperando de lesão a partir do momento em que Vinicius Junior se considerar sucessor ou possível sucessor do Neymar a gente pode entrar nessa discussão da influência dessa escolha para o futebol brasileiro porque na realidade é é uma premiação o the best da FIFA assim como bola de ouro da França futebol é uma premiação individual : “Digo isso porque existe uma discussão na imprensa esportiva brasileira sobre se o fato da escolha do Vinícius Júnior como o melhor jogador da temporada no mundo pode significar avanços para a seleção brasileira. Entendo que a imprensa brasileira precisa compreender

que premiações individuais para jogadores brasileiros não necessariamente significam algo para a seleção.” É importante lembrar que a história do futebol brasileiro, especialmente a conquista dos cinco títulos mundiais, está intrinsecamente ligada à colaboração racial dos negros. Se não fosse a contribuição de jogadores negros como Pelé, o maior atleta do século XX, talvez não tivéssemos alcançado esse feito. Pelé, um negro, mostrou ao mundo o poder do futebol brasileiro, e sua história nos serve como um poderoso lembrete de que a cor da pele não define a capacidade, o talento ou a humanidade de uma pessoa. Devemos reconhecer que a condição humana é única e independente de qualquer característica física ou condição social. A diversidade é a norma, e a diferença é o que torna a vida rica e interessante. Vou voltar a falar sobre campo e bola. Entendo que a escolha do melhor jogador do mundo na temporada 23/24, independentemente de ser boa ou ruim, tem a ver com a camisa que o jogador veste no dia a dia. Essa camisa, gostemos ou não, tem um peso político, econômico e esportivo gigantesco. Isso é o que eu tenho a dizer, principalmente considerando a conquista do Real Madrid do nono título mundial de clubes na quarta-feira, dia 18 de dezembro. Eu não consigo acreditar que uma publicação tão respeitada no meio do futebol como a France Football tenha levado em consideração a questão social e a luta contra o racismo na decisão de escolher

Vinicius Junior como o segundo melhor jogador do mundo na temporada 2023/2024, para o prêmio Bola de Ouro. Mas, pensando bem, talvez tenha acontecido. Vamos ser sinceros: quem gosta de ter suas contradições expostas, especialmente como sociedade e como pessoa com deficiência? Entendo que, ao levantar uma bandeira social tão importante como a luta antirracismo, você se prepara para uma grande luta, não só no futebol, mas na sociedade como um todo. É óbvio que haverá pessoas que o olharão com desaprovação. Mas eu vou além da questão racial. Considero que todos somos humanos, independentemente de raça, credo, condição econômica, social ou física, de origem ou adquirida. O que nos diferencia são apenas as características físicas. A questão de Iansã não se altera só porque você se foi, e ela não te torna melhor nem pior que ninguém. Esqueci de mencionar uma característica física importante: a condição sexual. Ser homem ou mulher também não te define. Não quero me comparar, mas conheço bem o peso de carregar uma bandeira social simplesmente por existir. Por isso, repito: é preciso diferenciar os prêmios. O “The Best” da FIFA é dado pela entidade que regula o futebol, e é esse que realmente importa. A Bola de Ouro é dada por um veículo de comunicação, pela imprensa esportiva. Sim, concordo. Voltando ao FIFA The Best, se Vinicius Jr. ainda estivesse jogando no Flamengo, sua visibilidade para a FIFA seria significativamente menor. A América do Sul, infelizmente, é vista como um continente periférico no futebol mundial, e isso impacta diretamente na visibilidade dos jogadores que atuam por aqui. A estrutura, o marketing e a exposição dos campeonatos europeus são muito maiores e, consequentemente, influenciam na percepção dos jogadores pelos órgãos internacionais. Isso não diminui em nada o mérito da conquista de Vinicius Jr. como um dos melhores jogadores do mundo na temporada 23/24, mas contextualiza as dificuldades que jogadores de outras regiões enfrentam para alcançar o mesmo reconhecimento. “