O homem em cadeira de rodas, refletindo sobre a condição física que o acompanha desde o nascimento, busca entender como essa realidade moldou suas experiências e como ela impacta sua busca por amor. Ele acredita que, apesar dos desafios, o amor é possível, mesmo sendo um conceito abstrato.
A sociedade, com seus padrões de beleza e capacidade física, marginaliza aqueles que não se encaixam. Para o homem em cadeira de rodas, essa visão limitada se torna um obstáculo adicional na busca por reconhecimento e aceitação.
A deficiência natural, presente desde o nascimento, impacta a vida social, emocional e, consequentemente, o amor. A necessidade de auxílio para atividades básicas, a constante necessidade de adaptação e a estigmatização social podem gerar um sentimento de isolamento e fragilidade, impactando a autoestima e a confiança na capacidade de amar e ser amado.
No entanto, a busca por amor, para o homem em cadeira de rodas, não se limita à superação de obstáculos externos. Ela também envolve uma jornada de autoconhecimento e aceitação. Ele precisa construir uma nova narrativa sobre si mesmo, a partir de suas limitações e potencialidades.
Nesse contexto, o amor se torna um espaço de cura, de ressignificação e de afirmação da própria existência. Encontrar alguém que veja além da cadeira de rodas, que reconheça a beleza e a força interior, é um ato de libertação, um passo crucial para a construção de uma identidade autêntica e uma vida plena.
Ele também se entende como errado em achar e entender que a inteligência que ele tem pode ser equivalente ao corpo. Ele sabe que um homem, para ser feliz, precisa ter o equilíbrio entre o corpo e a mente. Essa compreensão o leva a buscar uma vida mais completa, onde a mente e o corpo se complementem, criando uma harmonia que o permita alcançar a felicidade plena.
Ele se questiona se foi arrogante ao acreditar que seria forte o suficiente para lidar com a paralisia cerebral. Essa autocrítica surge da percepção de que a “missão” que ele acredita ter recebido de Deus, a deficiência natural, é desafiadora e exige mais do que ele imaginava. Ele se arrepende de ter se sentido autossuficiente ao nascer, reconhecendo que a fragilidade humana é algo que ele não pode controlar.
A ausência da mãe o leva a questionar sua própria força e resiliência. Ele se pergunta se foi arrogante e prepotente ao acreditar que poderia suportar uma condição tão adversa à sua vontade. A falta da mãe o deixa vulnerável, questionando se realmente foi forte o suficiente para aceitar a “missão” que Deus lhe deu.
Ele começa a dar razão àqueles que o acusam de arrogância e prepotência. A frase “eu sou forte, eu mato no peito, sai jogando, eu aguento qualquer coisa” se torna um reflexo de sua própria insegurança. Ele se pergunta se essa atitude de “força” não é na verdade uma forma de compensar a dor e o sofrimento que carrega por dentro.
A ausência da mãe o leva a questionar a própria fé. Ele se pergunta se Deus realmente o ama se lhe deu uma missão tão difícil e dolorosa. Ele se sente abandonado, não apenas pela mãe, mas também por Deus. A busca por amor se torna uma busca por reconhecimento, por aceitação e por um sentido para a própria existência.
Mas, em meio à dor e à dúvida, uma nova verdade começa a se revelar. Ele percebe que ser o núcleo da própria família, ser o protagonista da sua própria história, não é um capricho, mas uma necessidade. Ele reconhece que a família que construiu é um refúgio contra a solidão e a dor, um lugar onde ele pode ser ele mesmo, sem julgamentos e sem preconceitos.
No entanto, ele sabe que precisa construir uma estrutura sólida para atender às suas necessidades básicas do dia a dia. Ele precisa de um lar que seja acessível e adaptado à sua condição física, um lugar onde ele possa se mover com autonomia e segurança. Ele precisa de recursos que o auxiliem nas tarefas do dia a dia, que o tornem independente e capaz de cuidar de si mesmo.
A busca por amor se transforma em uma busca por reconhecimento dentro da própria família. Ele busca a compreensão e o apoio daqueles que o amam de verdade, que o aceitam com todas as suas imperfeições e fragilidades. Ele busca um amor que não o julgue por sua condição física, mas que o reconheça como um indivíduo único e especial.
A jornada do homem em cadeira de rodas nos ensina que o amor não é uma questão de escolha, mas uma necessidade fundamental para a sobrevivência humana. Ele nos mostra que a família não é apenas um laço de sangue, mas um refúgio construído com amor, respeito e compreensão. Ele nos convida a construir relacionamentos fundamentados em amor e aceitação, onde a diversidade seja celebrada e a fragilidade humana seja reconhecida e acolhida. Ele nos mostra que a busca por amor é uma busca por dignidade, por independência e por um lugar no mundo onde ele possa ser feliz e realizado.
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