Matheus Pereira
A coluna Tu View agora conta com novos redatores. O Fell Ferreira, colunista oficial, cedeu espaço para quatro amigos pra que escrevam semanalmente. Nesta semana, o texto de é Matheus Pereira.
Nos últimos dias, vimos um pouco de tudo. Desde a tentativa – patética e ainda assim preocupante – de censurar um festival de música e seus artistas, até a morte de um dos ícones da música internacional. Fechando a noite do último domingo (27), com um plástico tapa na cara, para ver se a gente iria acordar e perceber que era tudo um pesadelo, daqueles em que acordamos suados e com a mínima vontade de dormir outra vez, arriscando dar sequência ao sonho sinistro.
Caras leitoras e leitores, que dias estranhos! Mas, penso que, se apanharmos as conjunturas do momento que nosso planeta passa, esses dias parecem mesmo estar de acordo com a sequência de fatos macabros que andamos vivendo e presenciando. Aqui falo em meu lugar, compositor e músico há pelo menos 15 anos. Não podem passar despercebidas aos olhos da sociedade essas demonstrações claras de tentativa de censura. A arte é uma expressão de pensamento, de liberdade e reflexão a respeito das coisas, e quando falamos de ideias, pressupomos debates e mesmo discussões, mas sempre embasadas com nossos argumentos, pontos de vista – e veja que não falo aqui sobre ‘certo’ e ‘errado’. O grande problema é que fica insustentável conversar, discutir ou construir com quem prefere montar em duas rodas e abandonar a mesa, não ir ao debate. E quando, convenientemente, não se tem discussão, fica mais fácil tentar vedar a boca de quem braveja ideias do que sentar à mesa e acabar gaguejando sem argumentos, até perder o fôlego em soluços nervosos.
Como se as coisas já não estivessem ruins o suficiente, chega para nós a triste notícia de que Taylor Hawkins, um ícone da bateria e da voz do rock, teria deixado este plano. Bem quando nós, artistas, estávamos com os microfones ligados em alto e bom som, perdemos uma de nossas vozes. Não bastasse o trágico acontecimento, já começam a surgir os “agentes imaculados” do crivo público, com verdadeiro “caráter de ouro”, tentando sepultar, com seu suposto moralismo, uma pessoa que se quer sabem quem foi. Mas, preferem falar de manchetes e linhas rasas, enquanto carregam bandeiras de nações mil, mas que não conseguem nem se dar ao trabalho de representar de verdade o próprio Brasil.
Eis que, quando tudo parece perdido e sinistro, existe uma esperança! Aquele beliscão para acordarmos, aquele tapa na cara para voltarmos a realidade. Ele veio, mas não mostrou muita coisa nova, o pesadelo é de verdade e agora ficou ainda mais feio, pois o tapa não acordou, mas envergonhou.
Matheus Pereira é vocalista da Autêntica, compositor de letras e músicas. Sempre esquece, mas também é jornalista.
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