Pensamentos do festejado autor de Sapiens sobre a crise sanitária
“Parece não haver adultos na sala”. É assim que Yuval Noah Harari, famoso historiador israelense, metaforizou o torpor ideológico de alguns no trato com a pandemia. Enquanto humanos brigavam e “alguns políticos preferiram se retirar para uma ilha da fantasia alegando que a covid-19 não passava de fake news”, o vírus se espalhava mundo afora.
Com a clareza que lhe é peculiar, o autor reuniu neste pequeno livro artigos e entrevistas sobre a crise sanitária mundial. As abordagens são variadas: as teorias da conspiração dos que vivem numa eterna infância; a irresponsabilidade dos governos negacionistas que deliberadamente sabotaram o combate ao vírus maldizendo a ciência, autoridades sanitárias e a mídia; mas também notas de esperança por um futuro menos nebuloso e mais lúcido.
Crises dessa magnitude significam verdadeiros testes de cidadania: expõem o que há de melhor (empatia, solidariedade, fé no iluminismo científico) e de pior (fanatismo ideológico, tolice generalizada, infantilidade debochada) da raça humana. O afastamento histórico dará, futuramente, a dimensão da insensatez dos que não levaram o problema a sério; ou pior, propositalmente jogaram contra a saúde pública. Oxalá sejam responsabilizados por todos os malfeitos.
Motivos para ler:
1- Yuval Noah Harari ganhou projeção mundial com seu espetacular livro Sapiens: uma breve história da humanidade. Na sequência lançou outro best-seller: Homo Deus. É Ph.D em história por Oxford e professor na Universidade Hebraica de Jerusalém;
2- O autor crê que a crise é uma oportunidade de reflexão para fincarmos boas bases para o futuro. Mais confiança na ciência. Valorização das instituições independentes (agências de saúde, universidades e mídia) para pesquisarem a verdade sem receio de punições por governos autoritários. Mais consenso, menos fake news;
3- Não são necessários rios de tinta para concluir que o Brasil, chefiado por um mal-ajambrado Trump tropical, respondeu mal à pandemia. A estrutura federativa do país permitiu que Estados e Municípios tomassem a dianteira no combate à crise diante da omissão (e do deboche) federal, e o SUS e a ANVISA mostraram seus valores. Apesar de o país ostentar um presidente negacionista ladeado por um séquito de ideólogos fanáticos, amanhã há de ser outro dia. Aprendamos.
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