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Volta às aulas: Qual mochila escolher?

20/01/2023
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Mauro Nascimento

Com o retorno às aulas o assunto mochilas escolares volta sempre à tona, deve ser sempre discutido para a conscientização dos pais, alunos e professores, pois, os efeitos do mau uso da mochila podem ocasionar desconfortos, dores e alterações posturais que a criança pode levar para a sua vida adulta

O excesso de peso nas mochilas escolares e o esforço repetitivo na infância e adolescência ocasionam 70% dos problemas de coluna na fase adulta, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia, as dores e desconfortos na região lombar e dorsal na infância são queixas comuns e normalmente ocasionadas pelo uso inadequado das mochilas. Os espasmos musculares e desvios na coluna causados por esse mau uso podem evoluir para um desvio postural permanente.

Para o uso correto da mochila, devemos observar o aspecto mais importante, que é o peso. Posso afirmar que o problema mais crítico das mochilas é que a maioria dos estudantes carrega um peso acima do ideal.

O cálculo do peso da mochila precisa estar de acordo com o peso da criança ou adolescente. A mochila deve pesar 10% do peso corporal de quem a carrega. Ou seja: uma criança que pesa 30 kg deve carregar uma mochila de, no máximo, 3kg. Em relação ao peso, devemos estar atentos também a distribuição. O material mais pesado deve ficar na parte posterior da mochila (que deve ser acolchoada e respeitar a largura das costas).

Um outro fator importante está relacionado com a idade e estatura da criança, pois, o tamanho da mochila deve estar na altura dos ombros (com tiras ajustáveis), a 5 cm acima da cintura. Além disso, sempre lembrar de utilizar as duas alças nos ombros. Caso haja uma cinta abdominal, ajudará na fixação e sustentação do peso.

Para as crianças menores, as mochilas de carrinho são uma boa opção, evitando que elas carreguem peso de forma precoce.

Os problemas mais comuns que podem surgir na coluna são o aumento das curvaturas fisiológicas (normais) que alteradas, podem acarretar dores e desvios permanentes como: Hipercifose (corcunda), a hiperlordose  (bumbum bem empinado), além de piorarem as Escolioses (desvio lateral da coluna), levando a um desalinhamento do eixo corporal. Isso, principalmente se a criança ou adolescente utilizar a mochila de um lado só.

Uma dica valiosa para os pais é observar seu filho (parado com os pés juntos) de frente, de lado e de costas e tentar detectar os desvios posturais de forma precoce. Vale também observar se algo está muito discrepante na postura da criança. Comparar a altura dos ombros e a linha da cintura, se a cabeça da criança está muito para frente e se ele está dobrando para frente (corcunda). A partir dessa detecção será fundamental a avaliação de um ortopedista e um fisioterapeuta, pois quanto mais cedo os desvios forem vistos, melhores serão os resultados dos tratamentos, melhores serão os ajustes feitos nas mochilas e em todas as tarefas dessa criança.

Quando houver desvios, a fisioterapia vai assumir um papel importantíssimo na correção desses desvios, no reequilíbrio e no realinhamento da postura. Com exercícios direcionados para cada situação podemos citar a cinesioterapia ou uma das técnicas mais utilizadas que é a RPG, Reeducação Postural Global, que buscará corrigir essas alterações através de posturas específicas e auxílio da respiração.

*Mauro Nascimento é fisioterapeuta, formado pela Universidade Santa Cecilia com pós-graduação em fisioterapia ortopédica e traumatológica. Especialista em reeducação postural global (RPG) e Souchard.

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete a linha editorial e ideológica do Jornal da Orla. O jornal não se responsabiliza pelas colunas publicadas neste espaço.