Significados do Judaísmo

Viktor Frankl – O Psiquiatra do Holocausto

20/10/2022
Viktor Frankl – O Psiquiatra do Holocausto | Jornal da Orla

Se você perguntar a centenas de pessoas sobre o livro Man’s Search for Meaning (Em Busca de Sentido), eles dirão “Sim, eu conheço esse livro”. Afinal, a obra de Viktor Frankl foi recentemente eleita um dos dez livros mais influentes de nossa geração.

Com uma vida que durou a maior parte do século 20, Viktor Emil Frankl (26 de março de 1905 – 2 de setembro de 1997), psiquiatra, neurologista e escritor, foi testemunha de um período catastrófico da história mundial. Ele é mais conhecido por ser um sobrevivente do Holocausto, mas, na realidade, isso representou um curto período em sua longa vida.

Viktor Emil Frankl nasceu no dia 26 de março de 1905, em Viena como o segundo de três filhos. Sua mãe, Elsa Frankl vinha de Praga e seu pai, Gabriel Frankl, Diretor do Ministério do Serviço Social, veio da Morávia do Sul. Durante a Primeira Guerra Mundial, sua família passou por amargas privações; às vezes as crianças iam mendigar aos fazendeiros.

Desde muito jovem Frankl interessou-se em psicologia, tanto que começou a ter aulas noturnas para adultos quando ainda estava no ensino médio. Ele estudou filosofia e aprendeu hipnose aos 15 anos. Frankl teve seu primeiro artigo publicado aos 18 anos e aos 22 já dava palestras sobre o sentido da vida.

Em 1925, um artigo de Frankl é publicado no “International Journal of Individual Psychology”. Ele se esforçava em explorar a fronteira entre psicoterapia e filosofia, concentrando-se na questão fundamental de significado e valores – um tema que se tornaria o assunto central de sua obra de vida.

Após sua graduação, Frankl inicia sua carreira médica no “Maria Theresien Schloessl”, um Hospital Neurológico em Viena fundado pela Fundação Nathaniel Rothschild. (O único local que aceitava judeus). Apesar do perigo para sua própria vida, ele sabota os procedimentos nazistas fazendo diagnósticos falsos para evitar a eutanásia de doentes mentais.

Em 1941, Victor começa a escrever a primeira versão de seu livro O Doutor e a Alma, no qual estabelece as bases de seu sistema de psicoterapia, Logoterapia e Análise Existencial. Mais tarde, ao chegar ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, ele seria forçado a jogar fora o manuscrito inédito.

Em setembro de 1942, ele, sua esposa e seus pais foram deportados para um campo de concentração perto de Praga, Theresienstadt. De 1942 a 1945 esteve em quatro campos de concentração, incluindo Auschwitz, conhecido como o mais famoso campo de extermínio. O que ele experimentou naqueles anos é inimaginável. Ele conseguiu sobreviver; ao contrário de sua esposa, seus pais, irmão, cunhada, muitos colegas e amigos.

Ao retornar a Viena, é nomeado Chefe do Departamento de Neurologia da Policlínica de Viena, cargo que ocupou por 25 anos. Foi professor de neurologia e psiquiatria na Universidade de Viena e em muitas mais universidades pelo mundo.

Em 1946, durante um período de nove dias, Frankl escreveu Man’s Search for Meaning. Queria se expressar livremente, então decidiu publicá-lo como autor anônimo. O livro, originalmente intitulado “Um psicólogo experimenta o campo de concentração”, foi lançado em alemão em 1946. A capa da primeira edição não identifica quem o escreveu. Finalmente, depois que amigos o persuadiram, o psiquiatra decidiu aceitar a responsabilidade de ser o autor. Ele ficou surpreso que, dos 39 livros que escreveu, aquele que ele queria publicar anonimamente se tornou o mais popular.

Em “Man’s Search for Meaning”, apesar de tanto horror e assombro pelo relato de suas experiências em um campo de concentração, Viktor Frankl nos passa ensinamentos cruciais sobre a busca de sentido em nossas vidas. Aqui estão alguns:

Escolha ter esperança. Nem sempre podemos mudar as circunstâncias, mas sempre podemos escolher nossa atitude em qualquer situação que surja. Como escreve Viktor Frankl: “Quando não podemos mais mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos”.

Saiba o seu porquê. Pergunte a si mesmo: Para que estou vivendo? Todos os dias devemos nos levantar e nos perguntar por que nos levantamos e por que estamos aqui. “Aqueles que têm um ‘porquê’ podem tolerar quase qualquer ‘como’.”

Aprenda a chorar. Lágrimas não são um sinal de fraqueza; eles emanam de uma alma que não tem medo de quebrar: “Não há necessidade de se envergonhar das lágrimas, porque as lágrimas testemunham que um homem teve a maior coragem, a coragem de sofrer.”

Não se contente em fazer parte do rebanho. O mundo está de cabeça para baixo. Às vezes, fazer o que todo mundo faz é loucura. “Uma reação anormal a uma situação anormal é normal.”

Viva com significado. Damos sentido à vida respondendo às perguntas que a própria vida nos faz. “No final das contas, um homem não deve se perguntar qual é o sentido de sua vida, mas reconhecer o que deve fazer nela. Em suma, a vida apresenta a cada pessoa um desafio e a pessoa só pode responder com sua própria vida. O que se espera da vida não importa; o que importa é o que a vida espera de um”.

Preencha seu dia com atos de bondade. A bondade tem um propósito, as centenas de pequenos atos de bondade que temos a oportunidade de fazer todos os dias são cheios de significado. “Aqueles que viviam em campos de concentração podem se lembrar dos homens que iam de barraca em barraca, confortando os outros, dando seu último pedaço de pão. Eles ofereceram provas suficientes de que tudo pode ser tirado de uma pessoa, exceto uma coisa, a última das liberdades humanas: escolher o bem”.

Vá além de si mesmo. Encontramos o verdadeiro significado quando transcendemos nossos próprios limites e necessidades. “Quanto mais uma pessoa se esquece de si mesma, entregando-se a uma causa ou a outra pessoa, mais humana ela é e mais cresce.”

Sinta a dor dos outros. O sofrimento é doloroso, não importa quão irrelevante ou comum o problema pareça para os outros. Tenha empatia com a dor dos outros, mesmo que não pareça uma tragédia no quadro geral da vida. “O sofrimento preenche completamente a alma humana e a mente consciente, independentemente de o sofrimento ser grande ou pequeno. Portanto, o tamanho do sofrimento humano é absolutamente relativo.”

Podemos mudar mesmo quando a vida é difícil. Podemos criar uma vida que seja significativa e cheia de significado, amor e propósito. “O homem não só existe, mas sempre decide como será sua existência, o que ele se tornará no momento seguinte. Da mesma forma, todo ser humano tem a liberdade de mudar a qualquer momento.

A equivalência de seus ensinamentos com o judaísmo é impactante! Até mesmo o Rebbe de Lubavitch tinha apreço pelas ideias de Frankl.

Viktor Frankl morreu em Viena, de problemas no coração, em 2 de setembro de 1997.

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