
“Te ligo ofegante… e digo confusões no gravador… é desconcertante… rever um grande amor
Anos Dourados, de Chico Buarque
Quando assisti ao filme Os Melhores Anos de uma Vida neste último final de semana, fiquei emocionada com o reencontro dos personagens de Um Homem, uma Mulher, 53 anos depois. Claude Lelouch, aos 83 anos, traz de volta Anouk Aimée e Jean-Louis Trintignant — este agora em um residencial e perdendo a memória. Histórias como essa, com finais tristes ou felizes, também acontecem na realidade e mexem com o imaginário coletivo. Seria destino? Ou uma segunda chance que a vida oferece?
Com as redes sociais, muitas pessoas (a maioria mulheres, como relatou um amigo psicólogo) sentem curiosidade de procurar amores do passado. Eu mesma fiz isso uma vez, em busca de um namorado da adolescência que era muito, mas muito bonito mesmo. Achei no Instagram e percebi que, às vezes, é melhor deixar o passado onde está.
Nas postagens, encontrei uma pessoa tão diferente que jamais desejaria reencontrar. E não falo apenas da aparência — afinal, todos envelhecemos —, mas das escolhas que fazemos e que moldam quem nos tornamos. Na maturidade, geralmente aprendemos a identificar o que não queremos.
Principalmente quando o ex-amor terminou com mágoas e problemas, dificilmente a história voltará a fazer sentido décadas depois. O amor idealizado e o famoso “e se tivéssemos ficado juntos?” costumam acompanhar as lembranças de tempos felizes — e podem até atrapalhar relacionamentos presentes ou futuros. Carregar o que não se concretizou vira um peso invisível, uma expectativa sem sentido. Quantas vezes o reencontro se transforma em uma grande desilusão. Mas nem sempre é assim.
Todos conhecemos casais que abraçaram a segunda chance — mais maduros, mais conscientes — e continuam juntos. O amor não tem fórmulas ou receitas, mas quando acontece, é preciso aproveitar o tempo. Em 2022, um fato registrado na mídia chamou atenção: os aposentados Laércio Alves de Souza e Sônia Maria Félix da Silva se reencontraram depois de 40 anos, no interior do Ceará. Namoraram aos 15 anos e se separaram três anos depois. Quando ficou viúva, Sônia voltou à cidade natal para tentar encontrar o amor de sua vida — e se casaram. Tomara que continuem assim.
Se você sente vontade de resgatar um amor do passado, pense bem. “Na fotografia estamos felizes”, como diz a música, não é para todos.
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Tarde Demais para Esquecer (Disney+)
Nickie Ferrante (Cary Grant) e Terry McKay (Deborah Kerr) se conhecem em um cruzeiro e se apaixonam profundamente. Embora estejam noivos de outras pessoas, combinam de se reencontrar seis meses depois no Empire State Building, caso ainda sintam o mesmo. Um trágico acidente impede o encontro, mas o futuro reserva uma grande reviravolta. (Disponível no Disney Plus.)
Cartas para Julieta (Prime)
Visitando a cidade italiana de Verona, a jovem Sophie encontra um muro onde os desiludidos deixam cartas para a trágica heroína de Shakespeare, Julieta Capuleto. Ao descobrir uma dessas cartas, escrita em 1957, ela decide responder à autora, Claire. Inspirada por Sophie, Claire (Vanessa Redgrave, maravilhosa) decide procurar por seu antigo amor, nas belas paisagens da Toscana. (Disponível no Prime Video.)
Reportagem fantástica, Ivani . Sempre há tempo para anar, né ?
Legal Ivani.
Parabéns
Algumas vezes vc insiste num erro achando que a pessoa vai estar melhor qdo na verdade esta bem pior bem mais mentiroso totalmente desregrado …. melhor procurar outras possibilidades de felicidade