Desde o fim da Guerra Fria, em 1991, a União Soviética e os Estados Unidos não se estranhavam e ficavam literalmente em pé de guerra como agora, por conta da invasão da Ucrânia pela Rússia. Esse que não é um mero detalhe na história do mundo deve ser trazido à baila para tentar entender melhor o que está acontecendo e provocando um verdadeiro estado de insegurança em todos nós.
Vejo que governantes e partidos estão tropeçando nas suas falas sobre os acontecimentos, porque a cultura da paz deve prevalecer. E isso não é só o politicamente correto, marcando a sua posição. Mas uma condição de continuar respeitando a sociedade que já vem apavorada pela pandemia do Covid-19 e que não percebe o grau de manipulação a que está sujeita. A Ucrânia é um detalhe que comove o mundo diante da violência e dos efeitos de um ensaiado ataque genocida, que por ora se sobressai com a cena de um tanque atropelando um automóvel civil, guiado por um motorista idoso, nos arredores de Kiev.
A União Soviética foi extinta em 1991 e Vladimir Putin com a sua decisão de realizar uma “operação militar especial” que se diz sintonizada com o artigo 51 da Carta das Nações Unidas (da legitima defesa individual ou coletiva dos países membros), apesar de induzir geral à intenção de reintegrar territórios separados, alega que quer desmilitarizar a região que descumpre o Protocolo de Minsk. Esse documento é um acordo assinado em setembro de 2014, para por fim à guerra no leste da Ucrânia, onde há separatistas em busca de formação de um outro país.
Acho importante o conhecimento da história, para compreender inclusive que no momento agudo em que estamos vivendo, à flor da pele, qualquer demonstração de força bélica pode ameaçar um conflito mundial e de proporções que sempre nos atormentaram. Certa vez escrevi um texto sobre ter crescido na adolescência, motivado pela linha tênue da Guerra Fria, achando que uma 3.ª Grande Guerra nos dizimaria. Confesso que, assistindo aos movimentos de Putin e as contrarreações de lideres mundiais, a cultura da paz prevalecerá, porém é fundamental que todos pudessem conhecer mais sobre os avanços de bases militares e zonas de influência de países como os Estados Unidos, com o respaldo da OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Estados Unidos e União Soviética foram aliados na luta contra a Alemanha nazista na 2.ª Grande Guerra, de 1939 a 1945, e logo após a vitória se tornaram adversários até 1991. Chamou-se de Guerra Fria porque não houve uma guerra ou conflitos entre as superpotências, uma vez que seria inimaginável restar o Mundo ante uma batalha nuclear, porque houve uma corrida armamentista para a construção de um grande arsenal de armas nucleares nos primeiros 20 anos desse conflito de ideologias defendidas por cada uma.
Vale perceber nesse entendimento, que a rivalidade se distinguia das incompatibilidades, da defesa norte-americana do capitalismo, da democracia, da propriedade privada, da livre iniciativa; enquanto a União Soviética queria o socialismo, o fim da propriedade privada, a igualdade econômica, um Estado forte para garantir as necessidades básicas do povo. Hoje em dia essas ditas incompatibilidades povoam o imaginário político global, polarizando disputas eleitorais em todos os continentes.
Posto isso, o episódio global e histórico que estamos testemunhando, com o encaminhamento de tropas a Ucrânia, somado de sanções econômicas a Rússia, que já recebeu sinais de apoio da China, que possui força econômica, tecnológica e o maior exército do mundo, incomoda geral. Era difícil de imaginar que ocorresse durante a pandemia do novo coronavírus, mas nada é impossível hoje em dia.
Que a paz é a melhor bandeira para se hastear no mundo, isso é indiscutível. No entanto, como nos proteger da angústia que nos toma diante de ameaças genocidas? Importa conhecer que há um poderio de influência política, econômica e ideológica em curso, em todo esse mundo. E não se trata de uma questão plebiscitaria, de tomar um lado da questão e pronto. Com a paz mundial é mais possível compreender que cada pessoa é um agente transformador, um cidadão, capaz de fazer mudanças, sem mais manipulações.