Cultura Teatro

Teatro Guarany em Santos celebra 140 anos de história nesta quarta-feira

06/12/2022
Divulgação/Prefeitura de Santos

Uma das joias da cultura santista, o Teatro Guarany completa 140 anos nesta quarta-feira (7). Para celebrar este momento único, a partir das 19h, a casa de espetáculos terá diversas atividades gratuitas ligadas às artes cênicas, música e história.

A primeira será a abertura da exposição de fotos que mostra um pouco da rica história do Teatro – o quinto mais antigo do País ainda em funcionamento. Às 19h30 sobe ao palco o Quarteto de Cordas Martins Fontes, e, na sequência, acontece a sessão solene do aniversário, com a presença do artista plástico Paulo von Poser, autor da arte do teto do Teatro. Encerrando a programação da noite, haverá show com a Traditional Jazz Band.

Na quinta-feira (8), a partir das 20h, a atriz santista Renata Carvalho apresenta o monólogo ‘Manifesto Transpofágico’. No palco, Renata conta a história de lutas travadas ‘com’ e ‘contra’ seu corpo, que por si só a define aos olhos dos outros. Recentemente, a atriz apresentou o espetáculo em palcos da Itália, Espanha, França e Irlanda.

Fechando a programação de aniversário, na sexta-feira (9), às 19h, uma roda de conversa reúne o arquiteto Ney Caldatto, os jornalistas Sergio Willians, Taís Curi e Wellington Lima, para falar sobre as histórias do Teatro Guarany. Na sequência, apresenta-se o grupo Aqui Tem Choro acompanhado da cantora Rafa Laranja.

A programação especial dos 140 anos do Teatro Guarany é uma realização da Secretaria de Cultura (Secult).

O Teatro
Inaugurado em 7 de dezembro de 1882, o Teatro Guarany, localizado na Praça dos Andradas 100, é o teatro mais antigo de Santos. Foi erguido pela Associação Theatro Guarany, entidade formada por empresários da época. Teve sua construção realizada pelo engenheiro carioca Manuel Ferreira Garcia Redondo, escolhido por concurso, com projeto de inspiração neoclássica. O destaque da decoração do teatro foram as pinturas das paredes e do teto, além de um dos panos de boca de cena, feitos pelo pintor Benedicto Calixto. Por este trabalho, Calixto ganhou renome e a oportunidade de estudar na Europa.

O Guarany recebeu artistas de grandes companhias. Em seu palco passaram personalidades do porte de Sarah Bernhardt e Emanuel Giovani, além de vultos históricos, caso de Artur Azevedo, José do Patrocínio e Olavo Bilac. Foi local de inúmeros discursos e debates abolicionistas, além de palanque para atos republicanos e até de cerimônias fúnebres, como no falecimento de Carlos Gomes (1896), quando seu corpo passou por Santos a caminho de Campinas. Em 1910 foi comprado pela Irmandade da Santa Casa. A partir da década de 1930 começou seu declínio, perdendo espaço para o Teatro Coliseu e para o Parque Balneário.

Nos anos 1950 sofreu profundas modificações, transformando-se em cinema e loja. Ficou assim até meados de 1980, quando foi tombado pelo Condephaat. Em 1981 sofreu o incêndio que praticamente o destruiu. A Santa Casa, em 1994, vendeu o prédio a um comerciante. Em 2003, a Prefeitura de Santos desapropriou e comprou o imóvel.

No final de 2006, foi consolidada a ideia de recuperação total do Guarany, sendo iniciativa da Prefeitura com apoio do Ministério da Cultura e de empresas privadas, por meio de recursos da Lei Rouanet. Em 12 de dezembro de 2008 o Guarany voltou a ser uma grande casa de espetáculos, com 270 lugares, e também sede da Escola de Artes Cênicas (EAC) ‘Wilson Geraldo’, colaborando com a formação artística/cultural dos jovens de toda Baixada Santista.

Em 2019, o teatro teve toda sua fachada revitalizada, seguindo princípios técnicos de restauro. Os gradis de ferro das portas, portão em ferro e a escultura da ‘Musa das Artes’ também foram totalmente restaurados.

Tributo às artes e à história
Assinada por Paulo von Poser, a pintura do teto da plateia foi inspirada em cenas da ópera ‘O Guarany’, de Carlos Gomes. Para fazer o desenho, de 225 m², o artista plástico ‘morou’ cinco meses no teatro. A primeira cena mostra uma índia guarani morta em luta. Na sequência, como uma alegoria, os personagens principais Ceci e Peri circundados pela história escrita por José de Alencar. E, em cima, o encontro de amor entre o índio e a adolescente portuguesa. A obra foi desenhada sobre tela de algodão e trabalhada em partes, como em um quebra-cabeça.