Sala de Ideias

Rússia versus Ucrânia! E eu com isso?

25/02/2022
Rússia versus Ucrânia! E eu com isso? | Jornal da Orla

Thiago Souza

Se você ainda não sabe o que está ocorrendo no outro lado do mundo entre a Rússia e a Ucrânia, muito provavelmente você já esteja imerso no Metaverso.

Este assunto está entre os mais comentados nos principais canais de notícias e nos trend topics das redes sociais. Mas, de fato, o que nós, brasileiros, um povo pacífico e avesso a guerras, temos a ver com este conflito?

Primeiro, vamos entender como veio à tona este temor de uma possível guerra entre os dois países e, para isso, voltemos às aulas de história e geografia.

As tensões entre a Rússia e a Ucrânia têm uma história que remete à Idade Média. A Ucrânia é um dos vários países do leste europeu que fizeram parte da União Soviética até a sua queda em 1991. Porém, a Rússia sempre foi muito influente não só na Ucrânia, como na Polônia, Belarus e outros países, como forma de manter a sua hegemonia e interesses não só políticos, como comerciais nestes países da ex-URSS.

O ponto de inflexão, e que deu início a um conflito de fato, ocorreu em março de 2014, quando o recém-eleito Putin, invadiu e anexou a Península de Crimeia. Ao mesmo tempo, forças paramilitares russas, começaram a reforçar grupos separatistas na região de Donetsk e Lugansk. O exército ucraniano não foi páreo para o poderio russo e o conflito foi oficialmente encerrado, com a assinatura do Protocolo Minsk, um cessar-fogo entre os dois países.

A situação entre os dois países sempre esteve por um fio, mas a aproximação da Ucrânia com o Ocidente (União Europeia) e um possível ingresso junto à aliança da OTAN colocou a faísca que faltava para acender o caldeirão. O atual presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, um político que já atuou como ator/comediante, onde ganhou notoriedade, é declarado pró-soberania ucraniana.

Entendido o contexto histórico e geopolítico, como este conflito impactaria na questão econômica mundial?

A Rússia é o maior exportador mundial de trigo, além de ser um dos maiores exportadores de petróleo e gás natural para o mundo. Um possível conflito implicará em sansões econômicas e possível paralisação da distribuição destas commodities. Já a Ucrânia também é um exportador significativo de trigo e milho.

Ou seja, um conflito desta magnitude implicaria em uma instabilidade econômica, já muito debilitada pelo COVID-19, queda das bolsas e mais um aumento significativo nos preços pelo mundo.

Os preços globais dos alimentos subiram até 28% em 2021, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

No caso específico do Brasil, não seria diferente. Com o aumento do preço do Brent, o nosso combustível sofreria um aumento, impactando o preço nas bombas, já que a Petrobrás utiliza como métrica para ajustes de preço o valor do barril lá fora.

Outro ponto seria o aumento do custo de produção do agronegócio, já que boa parte dos fertilizantes usados para cultivo também vem daquela região.

Todos estes pontos somados elevariam o nosso índice de inflação (IPCA), medido pelo IBGE, que já está em 10,76% nos últimos 12 meses.

Cabe a nós aguardarmos por uma resolução pacífica deste conflito, para que vidas sejam preservadas.

 

Thiago Souza é educador financeiro