Filmes e Séries

Resenha da semana: Vingança & Castigo

20/11/2021
Resenha da semana: Vingança & Castigo | Jornal da Orla

Após alguns meses longe das críticas, retornamos com um faroeste original da NETFLIX, cheio de energia, estilo, um fantástico elenco e muita representatividade no velho oeste. Desde os tempos dos filmes dos mestres Sergio Leone e John Ford, estamos acostumados com cenários povoados e protagonizados por homens e mulheres brancas. Não me recordo de um filme desse gênero em que negros tivessem papel de destaque e este retrato equivocado é o grande ponto de partida de Vingança & Castigo. O filme abre com a frase “Apesar de os eventos dessa história serem fictícios, essas pessoas existiram”. O que segue a partir disso é, uma narrativa convencional sobre vingança e família, mas que empolga por sua estética e estilo, as boas atuações de seu elenco estelar e sua vibrante trilha sonora.

Em Vingança & Castigo, quando o fora da lei Nat Love (Jonathan Majors) descobre que seu maior inimigo, Rufus Buck (Idris Elba), será libertado da prisão, ele reúne seu bando em uma busca incessante por vingança. Aqueles que cavalgam com ele incluem o seu antigo amor Stagecoach Mary, seus homens de temperamento forte Bill Pickett e Jack Beckwourth. Rufus ainda conta com a ajuda da “Traiçoeira” Trudy Smith e Cherokee Bill. É de se tomar cuidado, pois esse não é um grupo que costuma perder qualquer luta. Em seu primeiro trabalho como diretor, Jeymes Samuel que também escreveu e produziu o filme, abusa de referências, que definiram o gênero, com muita violência e confrontos viscerais que ilustram bem a crueldade daqueles que viveram naquela época. Para um primeiro longa, Samuel apresenta grande versatilidade técnica registrando as sequencias de ação por vários ângulos (como a sequencia de resgate no trem) injetando boa dose de adrenalina no filme, assim como trabalhando bem o humor (como na inspirada cena do assalto a banco em uma cidade dominada por brancos), mesmo tentando copiar descaradamente os filmes e estilo de Quentin Tarantino. Com um início bastante promissor, o filme acaba perdendo o ritmo em sua metade e retomando no final com um longo embate entre as gangues, que é bem orquestrado pelo diretor.

Já como roteirista, Jeymes Samuel pesa a mão no ato final (mesmo sendo justificável) e, apesar de ter a seu favor um grande elenco, perde por não conseguir dar o tempo de tela e desenvolvimento que os mesmos mereciam. Acabamos não conhecendo suas motivações, desejos ou simplesmente nos identificarmos com eles devido a falta de tratamento do roteiro.

Um ponto que vale destacar é a trilha sonora original, com músicas de Jay-Z, Seal entre outros, que estabelecem uma visão moderna do western construído pelo diretor. O elenco é um dos melhores do ano, começando pelo carismático protagonista de Jonathan Majors, passando pela presença intimidadora de Idris Elba (em mais uma boa atuação no ano), uma apagada mas sempre interessante Regina King e o ótimo LaKeith Stanfield, que possui os melhores diálogos do filme.

Vingança & Castigo é um promissor início de carreira para um diretor que visivelmente ama o western e consegue trazer o frescor necessário para dar uma nova e moderna roupagem ao gênero. Mesmo que não consiga deixar sua marca, o filme possui um elenco excepcional e personalidade suficientes para  manter viva a chama de um dos gêneros mais amados da história do cinema.

Curiosidade:  Na vida real, o personagem de Idris Elba realmente liderou a famosa “Gangue do Rufus Buck” entre 1895 e 1896.