Cangaço Novo me deixou totalmente empolgado. Nova produção disponível no Amazon Prime e dividida em oito episódios, a minissérie é fantástica. Com seus episódios sendo dirigidos por Fábio Mendonça e Aly Muritiba, Cangaço Novo passa por cima de qualquer simples análise sobre heróis e bandidos e constrói uma forte crítica aos problemas sociais e estruturais que atingem várias partes do Brasil. Infelizmente, produções nacionais deste calibre, apenas são lançadas a cada década.
Basicamente, em Cangaço Novo, um bancário que mora em São Paulo vira um cangaceiro após descobrir que é herdeiro de um legado surpreendente no sertão nordestino. Flashbacks em preto e branco abrem os episódios, no melhor estilo faroeste, com violência fortemente presente, com jagunços, politicagem, tensões entre famílias com passado e presente cheio de rivalidade. Aos poucos, vamos descobrindo a criação de um Robin Hood sertanejo em um sertão de novos tempos. O roteiro cria personagens memoráveis e complexos, onde toda ação tem sua consequência. Os diálogos são repletos de dialetos e gírias do cotidiano que deixa tudo mais natural, sem se tornar algo que foi ensaiado pelos atores. Cangaço Novo ainda nos entrega algumas das cenas de ação mais frenéticas já vistas no cinema nacional, com perseguições de carro intrincadas e complexas, brigas corpo a corpo cruas e brutais e sequencias de tiroteio empolgantes. A produção é dinâmica e extremamente ágil no desenvolvimento de seu enredo e de seus personagens, que apesar de serem anti-heróis, logo o espectador torcerá por suas ações.
O elenco todo é excepcional, mas os destaques vêm de rostos pouco conhecidos do grande público, composto pelo trio de protagonistas: Allan Souza Lima, Thainá Duarte e Alice Carvalho (essa última com uma atuação marcante). São tantos os méritos da série, do conceito a execução, que chega a ser um desafio tentar resumir a experiência de assisti-la. Cangaço Novo é uma das melhores coisas que lançaram este ano. Totalmente Imperdível!
Curiosidade: O casal de roteiristas levou 10 anos para trazer essa história para as telas.
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