Política & Conversa

Prepotência Política

06/01/2024
Prepotência Política | Jornal da Orla

Candidatos à reeleição sempre têm uma queda pela certeza de que o uso da máquina basta para que alcancem a vitória nas urnas. E líderes políticos muito fortes encaram sua sucessão como mais uma reeleição com o uso de um Avatar. Nossa região viveu essa situação várias vezes nas duas décadas passadas e vai viver novamente. São Vicente e Praia Grande eram os exemplos mais notórios, onde administrações bem avaliadas criaram líderes políticos incontestáveis. Nesses 2 casos é curiosa a diferença fundamental entre essas lideranças.

Márcio França elegeu seu sucessor após 2 eleições, sendo a última praticamente por WO e alçou seu próprio voo, chegando a Governador do Estado por meses e Ministro no governo atual. Já Mourão elegia o sucessor e depois de um ano e meio como Deputado, rompia e voltava para mais 2 mandatos. Márcio experimentou vária derrotas em sua própria casa depois do governo Tércio, seu sucessor. Já Mourão estabeleceu um verdadeiro reinado em Praia Grande, mas com intervenção direta no processo, ao contrário de França.

O curioso é que esses dois exemplos se tornaram singulares pois não se repetiam em nenhuma outra cidade. Em Santos, após 2 mandatos Beto Mansur elegeu seu sucessor que lhe virou as costas no dia seguinte à eleição. Papa, também após 2 mandatos bem distintos entre si, viu seu grupo político debandar para Paulo Alexandre, que se afirmaria como uma liderança regional que seus 2 antecessores não quiseram ser.

Elegendo seu sucessor no primeiro turno, tudo parecia caminhar para fazer de Santos uma nova Praia Grande, como uma cidade onde se estabelece uma liderança pessoal que independe de partidos ou ideologia. Porém a zona de conforto provoca consequências.

Apoios fisiológicos pulam do barco ao menor sinal de perigo. A teimosia em ouvir sempre as mesmas opiniões vindas daqueles que dependem do jogo político para viver é sempre o início de um processo de decadência política. E a existência de um adversário real e a certeza de uma disputa em 2 turnos alertam para uma lição que a história ensina repetidas vezes. Até os Impérios que se estendem até onde a vista não alcança também caem.

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