Política & Conversa

O novo perfil do Político

19/04/2024
Fábio Pozzebom/Agência Brasil

A política sempre teve aventureiros, pessoas que usando de popularidade ou de vulgaridade, se elegiam personificando o protesto do eleitor. No tempo do voto de papel elegia-se rinocerontes, macacos, personagens e isso não afetava a vida política do país. Ainda assim tivemos os Caciques Jurunas e Agnaldos Timóteos da vida. Mas com o voto eletrônico a possibilidade de protestar na hora de votar passou a ser eleger Tiriricas e afins.

Enquanto eram apenas alguns, mesmo contando com os oportunistas que se elegiam junto com esses personagens por conta do coeficiente eleitoral, a coisa se encontrava num nível aceitável. E alguns até surpreendiam, não pelo brilhantismo, mas por provocar discussões necessárias, como foi o caso de Clodovil. Agora é diferente. Desde a eleição de 2018 o papel da internet e das redes sociais passou a criar personas falsas, que só existem no mundo virtual. Votar em famosos ou pessoas conhecidas do público sempre aconteceu, mas agora se torna uma perigosa regra.

Nessas eleições vamos ver participantes de realities, jornalistas de TV, locutores de rádio e Influencers que nada influenciam tendo nítida vantagem sobre candidatos com história para mostrar. Alguns são ótimas pessoas e profissionais, mas não entram na política porque são vocacionados, mas porque querem um emprego mais rentável ou estão sendo usados ou manipulados por políticos gananciosos. E esse é o problema. O eleitor não consegue olhar através da tela do celular ou da TV. Sim, a política tradicional também padece desse mal, mas a política é para profissionais. Senão começaremos a ver se multiplicarem os Deputados que votam e depois dizem que não votaram naquilo. Como votar pela libertação de Chiquinho Brazão, considerando que soltar um mandante de homicídio é menos relevante que a volta do DPVAT. Não é.

 

 

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