Bárbara Camargo
O 13 de Maio é uma data que marca um momento histórico significativo no Brasil: a assinatura da Lei Áurea, que formalmente aboliu a escravidão no país. No entanto, para muitos negros brasileiros, essa data não é motivo de celebração, mas sim de reflexão sobre as complexas consequências da abolição da escravidão e as lutas contínuas por igualdade e justiça.
Abolição não conclusa
Antes de tudo, é importante contextualizar o significado do 13 de Maio dentro da história do Brasil. A escravidão foi uma instituição que marcou profundamente a sociedade brasileira, com milhões de pessoas negras sendo subjugadas, exploradas e privadas de seus direitos humanos mais básicos. Movimentos abolicionistas surgiram, clamando por mudanças sociais, mas a abolição formal não marcou o fim das desigualdades e injustiças enfrentadas pelos negros.
A assinatura da Lei Áurea não foi acompanhada por uma verdadeira transformação na estrutura da sociedade brasileira. A ausência de políticas eficazes de inclusão social e reparação histórica resultou em um legado de desigualdade, violência e racismo estrutural que persiste até os dias de hoje. Como bem argumentou o intelectual Abdias do Nascimento, a “abolição apenas perpetuou as condições de opressão, em vez de trazer verdadeira libertação para os negros”.
13 de maio: dia de reflexão
Hoje, o 13 de Maio pode ser uma data de celebração para alguns, mas para muitos negros brasileiros, é um dia de lembrança das lutas passadas e presentes por igualdade e justiça. A falta de reconhecimento e valorização das contribuições dos afrodescendentes para a sociedade brasileira e a persistência do racismo estrutural contribuem para a falta de sentido de celebração.
É fundamental reconhecer que a abolição da escravidão foi apenas o começo de uma longa jornada rumo à igualdade racial no Brasil. Enquanto as desigualdades persistirem e o racismo não for confrontado de forma eficaz, o verdadeiro significado do 13 de Maio continuará a ser questionado pelos que continuam a lutar por uma sociedade verdadeiramente igualitária e inclusiva.
Portanto, hoje deve ser um momento de conscientização e mobilização para combater o racismo em todas as suas formas. Devemos fortalecer a luta por políticas públicas efetivas de inclusão social, reparação histórica e combate ao racismo estrutural. Que seja não apenas uma data de reflexão, mas também de compromisso com a construção de um Brasil mais justo para todos.
*Bárbara Camargo é jornalista.