Santos, 476

Os donos dos bigodes

21/01/2022
Os donos dos bigodes | Jornal da Orla

Cada uma na sua época, estes personagens ajudaram a escrever história de Santos. A riqueza, pluralidade e ideais de vanguarda deles (e de tantos outros) fizeram a cidade ocupar um lugar de destaque no cenário nacional e até mesmo internacional.

Cada um no seu segmento, eles até hoje inspiram diversos santistas. Confira!

Quintino de Lacerda foi o chefe do segundo maior quilombo do Brasil, o do Jabaquara (menor apenas que o de Palmares). Planejava fugas de negros escravizados e os abrigava na área onde hoje é a sede da CET. O local chegou a ter mais de 10 mil moradores. Foi um dos principais líderes abolicionistas do Brasil. Foi eleito vereador de Santos em 1895, com a terceira maior votação.

Athié Jorge Coury foi vereador em Santos, deputado estadual e deputado federal, eleito sucessivas vezes. Possuía ainda cargos em entidades associativas e filantrópicas santistas e era um dos principais beneméritos da Santa Casa de Santos. Durante sua gestão, o Santos FC alcançou as maiores glórias no esporte, como os títulos mundiais. Faleceu dia 1º de dezembro de 1992.

João Artacho Jurado foi um arquiteto autodidata que elaborou projetos ousados para a época mas que hoje são considerados referência. Em Santos, são de sua autoria os edifícios Enseada, na Ponta da Praia, e Parque Verde Mar, no Boqueirão. Neles, estão presentes a combinação inusitada de cores (muitas vibrantes), vários estilos de ornamentos, o uso de curvas e elementos vazados e cheios de detalhes.

Considerado um visionário, Francisco de Paula Ribeiro convenceu o cunhado, Eduardo Guinle (seu cunhado) e o sócio dele Cândido Gaffrée a investirem em um cais corrido e armazéns em Santos, substituindo os antigos trapiches. Era o primeiro trecho do Porto de Santos. Chico de Paula foi o primeiro superintendente da Companhia Docas de Santos e hoje dá nome a um bairro da Zona Noroeste.

Benedicto Calixto foi um pintor autodidata que retratou diversos lugares de Santos. Parte de seu acervo pode ser contemplada na Bolsa Oficial do Café e na Pinacoteca que leva o seu nome. Produziu aproximadamente 700 obras: retratos, paisagens rurais, urbanas e obras religiosas.

O engenheiro sanitarista Saturnino de Brito (1864 – 1929) foi o autor do plano de saneamento básico de Santos, que inclui cortar a cidade com canais e um emissário submarino. Um homem muito à frente de seu tempo, seus projetos inspiraram outros em diversas cidades brasileiras.

Luiz Antônio Gonzaga era o proprietário de um bar próximo à praia, onde o bonde puxado por burros fazia a curva para retornar ao Centro da cidade, no final do século 19. O local passou a ser ponto de referência (“Vou descer no Gonzaga”) e, anos depois, transformou-se em bairro.

A temática de sua obra fez com que Vicente Augusto de Carvalho ficasse conhecido como o “Poeta do Mar”. Nascido em Santos em 05 de abril de 1866, também foi contista, advogado, jornalista, e no fim da vida, fazendeiro. Ocupou a Cadeira 29 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 1909, na sucessão de Artur Azevedo.

Ator, dramaturgo e escritor, Plínio Marcos é considerado um dos principais nomes do teatro brasileiro. Suas obras retratavam o drama dos marginalizados e, por isso, infelizmente, permanecem mais atuais do que nunca. Entre seus trabalhos mais consagrados estão “Dois perdidos numa noite suja”, “Abajur lilás” e “Barrela”.