
Um fenômeno literário. Assim é O sol é para todos. E a alcunha lhe é atribuída não somente pela expressiva circulação – estamos falando de um livro lançado em 1960 e que continua vendendo mais de um milhão de cópias/ano só em língua inglesa – mas, antes, pela qualidade incontornável do texto. Não por acaso o livro sempre faz figura, nas listas técnicas mais respeitadas, como um dos melhores romances do século XX.
O sol é para todos se passa no sul dos EUA pelos idos dos difíceis anos de 1930. A narrativa é dada pela voz da menina Scout, que inicia o livro com seis anos de idade. A abertura do romance remete a um ambiente rural sem excepcionalidades, dentro do qual Scout segue sua infância em meio às travessuras típicas da idade, escola e família. Entretanto, seu pai Atticus – um íntegro advogado da cidade – recebe a incumbência dativa de defender um negro acusado de estupro. A reação da comunidade em face da atuação técnica de Atticus coloca toda a família num delicado e perigoso ambiente de intolerância que, ao cabo, determinará o fim da inocência – mas sem perder a ternura – de Scout.
Sempre houve muita injustiça no mundo. E algumas tessituras de injustiça continuam, como uma flecha, atravessando os tempos e se reproduzindo na modernidade sob novos discursos. Para enfrentar tudo isso, é preciso coragem. E coragem, dirá Atticus, “é fazer uma coisa mesmo estando derrotado antes de começar. Mesmo assim ir até o fim”.
Motivos para ler:
1- Foi com O sol é para todos que Harper Lee (1926-2016) se consagrou como uma das maiores romancistas norte-americanas de sempre. O livro recebeu o prestigiadíssimo Prêmio Pulitzer (1961) e continua vendendo muito, comovendo leitores e sendo objeto de debates nos círculos próprios. É um livro que, para além da história primorosamente costurada, tem tudo dentro dele. Afiançamos: não há leitor que termine este romance sem colocá-lo num lugar especial na estante e no coração;
2- O ponto alto do livro é, sem dúvida, o protagonismo da menina Scout. Sua relação com o pai e o irmão, sua postura na escola diante de tantos agravos, sua coragem e sensibilidade enternecerão o leitor. De nossa parte, Scout permanecerá em nossa memória como uma das melhores personagens literárias que já tivemos contato. Inesquecível;
3– Há alguns autores que possuem uma competência singular: conseguem escrever romances em miniatura dentro dos seus livros extraordinários. Os capítulos dedicados ao julgamento de Tom Robinson, réu defendido por Atticus, são assim: poderiam ser lidos como se fossem peça única, tamanho o grau de perfeição na articulação do texto e na dramaticidade. Não há muito mais o que dizer senão recomendar fortemente a leitura deste clássico que é, para muita gente, o livro favorito da vida.
Ok , Rafael , confio em vc. Aceito sua recomendação e depois direi se virou meu livro preferido de vida. Pela linda resenha , há grandes possibilidades 😉
Já tinha lido o livro. Vim só para saber a tua percepção sobre a obra.
Interessante, vemos diariamente questões como essa, fazer o certo e sempre o mais difícil, é ver pelos olhos inocentes de uma criança deve ser muito duro.
Se um amigo é atropelado por irresponsabilidade minha, ainda assim eu teria que ajudá-lo, não?
Grato pra resenha.
Wow… tenho que ler este clássico
Obrigado pela resenha Medeiros
Abraço
Adorei Rafa, serei obrigada a reler 😉
Uma boa história que conta a visão de uma menina sobre o convívio com as pessoas e também aborda situações de injustiça e racismo.
Excelente coluna Dr. Rafael, apesar das constantes injustiças, a exemplo de atropelamentos em que nem os amigos socorrem, de tempos em tempos temos suspiros de alento, esta coluna é um ótimo exemplo disso, ainda existe esperança para a nossa civilização.
Um abraço.
Mais uma otima indicacao do colunista. Livro que esta na minha lista ha tempos, e ainda nao li! Obrigada pela excelente resenha.