A política mundial levou uma chacoalhada nesta semana: Donald Trump se tornou o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos condenado num processo criminal.
Na realidade, 12 jurados, com a unanimidade que a lei exigia, consideraram Trump culpado de fraude fiscal. O motivo, o pagamento de US$ 130 mil a uma ex-atriz pornô, com dinheiro de campanha eleitoral, para que ela silenciasse sobre um relacionamento sexual que teria tido com ele. No processo foram apresentadas provas irrefutáveis, como dezenas de notas fiscais, além dos depoimentos contundentes da ex-atriz Stormy Daniels e do ex-advogado de Trump, Michael Cohen, intermediador do pagamento.
Na realidade paralela, construída em redes sociais, o julgamento foi uma farsa e o ex-presidente é vítima de perseguição política.
Essa versão, do próprio Trump, de que o julgamento foi uma desgraça e o juiz, tendencioso. é absolutamente tosca. Seria como se o treinador de um time de futebol que apanha de 12 x 0, responsabilizasse o árbitro. Ridículo.
Mas muita gente vai aceitar essa patacoada. Neste nosso século estranho, a notícia ganha versões customizadas ao paladar político do freguês. As tais “narrativas”. O adepto de Trump vai ver armação, ação das profundezas da internet e parcialidade do juiz, mesmo que a decisão seja dos jurados. Os que têm antipatia pelo ex-presidente vão ver justiça e torcer por outras condenações possíveis, como no processo dos documentos secretos que ele escondeu no banheiro de casa ou no da invasão do Capitolio.
A reação mais importante vai ser a dos 60-70% que não são fanáticos nem por Trump, nem pelo adversário, Biden. Qual a influência de uma condenação criminal na decisão do voto deles?
A direita conservadora no mundo, em ascensão, sofre um duro golpe. O condenado é o ícone de maior visibilidade desse pensamento político no planeta e até agora favorito para ganhar em novembro a presidência da maior democracia do mundo.
Piores que as condenações são os efeitos colaterais: a comparação com o mafioso Al Capone, também condenado por crimes contábeis, e a mancha na imagem de macho poderoso com a revelação da atriz de que “ficou olhando para o teto durante a relação sexual”.
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