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O exemplo da seleção da Argélia

04/07/2014
O exemplo da seleção da Argélia | Jornal da Orla
A seleção da Argélia acaba de dar um exemplo para o mundo: mais que fazer bonito em campo – chegou às oitavas de final -, a equipe mostrou que é possível ir muito além do futebol: os jogadores decidiram doar o prêmio que receberam da FIFA, cerca de US$ 9 milhões, o equivalente a R$ 20 milhões, para as crianças que vivem na faixa de Gaza. Ao anunciar a decisão da equipe, o atacante Islam Slimani, sintetizando o pensamento do grupo, afirmou: “As crianças precisam desse dinheiro mais do que nós”.
Lamentavelmente, a seleção de Gana fez o oposto: seus jogadores exigiram, do governo de seu país, um prêmio de US$ 3 milhões para entrar em campo. A exigência era de que o pagamento fosse realizado em papel moeda. O Brasil e o mundo viram quando um avião com os dólares chegou ao país e o momento em que o dinheiro era transportado em carro forte, sob forte esquema de segurança. Depois de receber o prêmio, alguns jogadores de Gana chegaram a cheirar as notas. Cenas deprimentes.
Enquanto o gesto negativo da seleção de Gana ganhou amplo destaque na mídia, a doação dos jogadores da Argélia, ficou restrita a pequenas notas de jornais, sem alarde. Não deveria ser o inverso? Por que só fatos negativos são destaques na imprensa e as boas notícias, com raras exceções, ganham pouca projeção?
O fato é que a ação dos jogadores da Argélia deve ser destacada e mostrada como um exemplo de solidariedade para o resto do mundo. O futebol tem sim uma função social que vai além das quatro linhas. Com certeza, eles os atletas da Argélia, ganham muito menos do que os badalados jogadores do Brasil, que atuam na Europa, ou mesmo de outros países como Alemanha, França, Holanda e Argentina, de maior tradição no futebol. Ainda assim, fizeram um gesto humanitário que engrandece a raça humana.
Fica a pergunta: o que podemos esperar dos jogadores da seleção do Brasil, o país mais vitorioso em copas do mundo? Afinal, a vida também é feita de exemplos.