Algumas pessoas tem dificuldade em lidar com o mundo digital em que vivemos nos últimos 10 anos. As novidades não conseguem se consolidar porque em meses são superadas por novas versões. Não existe apego, porque se sabe que em pouco tempo aquilo que gostamos ficará para trás. Nos aplicativos de música, os hits mudam de 2 em 2 dias, sem que os anteriores tenham tempo de se tornarem pelo menos sucessos mais duradouros. A realidade surreal do mundo digital é rápida demais e por ser rápida não lapida, não melhora, não capricha. Afinal, bastam filtros e efeitos.
Mas algumas pessoas ainda vivem o mundo analógico. Lêem livros e revistas de papel, ouvem em discos de vinil músicas compostas há décadas, assistem TV na TV e não no Youtube, gostam de ir a restaurantes e não do iFood. Enfim, vivem o mundo real sem filtros e efeitos. Existem políticos assim também. Enquanto temos um Congresso eleito na base dos efeitos e mentiras do mundo digital, que consegue ter o mais baixo nível moral e intelectual da história que permite que uma excrecência política como Lira seja Presidente da Câmara e acreditando ter uma dimensão que jamais teve nem terá. Mas se olharmos com lupa notamos que alguns políticos ainda não se renderam a esse modo fácil de existir. E justamente por isso eles tem lugar garantido.
Por não serem fruto de armações digitais não tem medo de cancelamento. Por não terem Avatar vivem da memória do que fizeram ou falaram. E é essa memória que move as pessoas analógicas, seus eleitores. As eleições de 2024 serão as mais digitais da história, com mentiras e ataques se multiplicando sem limites. Mas o mundo analógico é esquecido e passa a ter força justamente porque não se contamina pelo mundo digital. Não é atrasado, é forte. Não permite a construção de uma ilusão passageira. E é a confiança nesse mundo analógico que não tem vergonha de si mesmo, que faz com possamos sonhar com um mundo menos pior.
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