Barbara Romano
Os modismos alimentares mudam de endereço, de alvo, de quem está falando, mas realmente não saem de moda. Vamos fazer uma pequena linha do tempo com alguns deles?!
O ovo é um dos que mais lembramos, porque ele realmente já teve seus dias de luta e seus dias de glória e frequentemente ganha as manchetes com novos questionamentos.
As melhores gorduras para cozinhar também sempre andam nas polêmicas e vira e mexe aparece algo “milagroso”, como óleo de coco ou manteiga ghee – bom lembrar que esses produtos geralmente vêm associados com preços mais elevados – e com isso podemos falar do sal, que também passou por questionamentos recentemente com o boom do sal do himalaia.
A água com limão ao acordar, que além dos nutricionistas, deixa muitos dentistas inquietos, ou até mesmo a moda da água alcalina.
A fase dos doces e açucares proibidos, mas com opções substitutas bem mais calóricas e gordurosas também chegou. E a pasta de amendoim que passou a ser amplamente consumida em todos os tipos de planejamento alimentar (emagrecimento, melhora de saúde, hipertrofia) e já ganhou tantas adaptações, variedades e uma lista infinita de ingredientes extras que nos perguntamos se ainda sobrou alguma coisa original por lá.
E agora chegou a vez do doce de leite (que convenhamos é um dos doces mais gostosos que tem), mas que foi de vilão a mocinho e é o alimento querido para ser consumido no pré treino e se disseminou nas redes, mas sem pensar na individualidade, digestão, saciedade, quantidade consumida e se de fato vai aumentar desempenho… a lista é grande né? Lembrou de mais alguns alimentos da moda?
O fato deles existirem, se perpetuarem e se transformarem acontece por alguns motivos. A busca por algo milagroso e que dê resultados faz com que seja preferível acreditar em algo assim do que no básico, no alcançável, mas com uma demanda trabalhosa. “Para que eu vou me submeter a diversas mudanças, ter que me organizar, cozinhar, fazer compras se aquele produto/alimento por si só me dá os resultados em 10 dias?”.
Vocês realmente acham que se existisse algo assim: 1) ainda existiriam tantos nutricionistas e outros profissionais da saúde falando com tanta frequência sobre a importância de ter hábitos saudáveis? 2) que os hábitos que vamos adquirindo ao longo de toda uma vida são resolvidos em 10, 15 ou 21 dias? e 3) e que essas mudanças são sustentáveis a longo prazo?
A busca por algo milagroso para ter mais saúde, mudar o nosso corpo, emagrecer, correr uma maratona da noite para o dia infelizmente vai continuar existindo. Mas quanto mais falarmos disso (repetidamente e exaustivamente, muitas vezes, assim como as mudanças de hábitos podem ser), espero que mais pessoas sejam atingidas. E que entendam que o processo não vai ser de todo sofrido. Na verdade, é libertador entender seu corpo, vontades, limites e ver como cuidar da própria saúde, se dedicar e ver as mudanças acontecendo por algo que você fez é recompensador.
Barbara Romano – CRN 3: 4548-4. Nutricionista pós-graduada em Nutrição, Metabolismo e Fisiologia do Exercício pela USP
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