Significados do Judaísmo

Lior Raz e o sucesso explosivo de Fauda

21/09/2022
Lior Raz e o sucesso explosivo de Fauda | Jornal da Orla

Lior Raz é uma das poucas grandes estrelas israelenses a se destacar em Hollywood, graças ao sucesso de Fauda. Raz interpreta Doron, o soldado soturno no núcleo da série. Ele teve um caminho não tradicional para o estrelato em Hollywood, no entanto; depois de servir nas Forças de Defesa de Israel, trabalhou como guarda-costas de Arnold Schwarzenegger.

Raz nasceu em Ma’ale Adumim, uma cidade de 40.000 habitantes a sete quilômetros de Jerusalém, onde também cresceu. Lior é um judeu mizrahi (sefaradi). Seus pais imigraram para Israel: seu pai, oriundo do Iraque e sua mãe, da Argélia. Seu pai serviu em Israel na Shayetet 13 (comando naval como os SEALS americanos) e no Shin Bet (Serviço Secreto de Israel), antes de dirigir um viveiro de plantas. Sua mãe é professora. A língua nativa do ator é o hebraico, embora Raz tenha crescido também falando árabe com seu pai e sua avó em casa, e com alguns trabalhadores árabes, que eram seus companheiros de brincadeiras, no viveiro de plantas de seu pai.

Depois que Raz se formou no colegial aos 18 anos, ele se alistou nas Tsavá (Forças de Defesa de Israel) e se tornou um comando na unidade secreta de combate ao terrorismo de elite da conhecida Sayeret Duvdevan. Ele também serviu na Unidade Duvdevan como reservista por 20 anos.

Por três anos, até os 19 anos, Raz teve uma namorada chamada Iris Azulai. Em outubro de 1990, um árabe palestino a esfaqueou até a morte com uma faca de 40 centímetros, em Jerusalém. O homem que a assassinou foi, mais tarde, libertado da prisão na troca de prisioneiros de Gilad Shalit em 2011, na qual 1.027 prisioneiros foram soltos para obter a libertação do cativeiro do soldado israelense sequestrado Gilad Shalit, que havia sido mantido prisioneiro pelo Hamas por cinco anos.

Sobre sua identidade judaica durante sua vida com os pais, Raz disse: “Nós éramos culturalmente judeus. Comemoramos os feriados, jejuamos no Yom Kippur e fazemos Kidush em Cabalat Shabat, mas é só isso.”

Raz tem um sentimento muito forte sobre ser judeu e viver em Israel: “Esta é minha herança e o motivo pelo qual moro em Israel. Estou muito ligado à minha herança e ao meu judaísmo. Em Israel, não é uma questão. É algo em que você nasce quando vive no estado judeu. Você luta pelo estado judeu. Você pertence ao estado judeu. Você não pode desconectar os dois.”

Após ser dispensado do exército, Lior Raz foi para Los Angeles com US$ 125 no bolso. Ele trabalhou como guarda-costas da atriz Nastassja Kinski, depois Arnold Schwarzenegger e Maria Shriver. Lior afirma que a vida de guarda-costas depois do exército era muito entediante.”

Ele voltou para Israel aos 24 anos, quando começou a ter aulas de atuação e a conseguir pequenos papéis na TV e no palco. Seu primeiro grande papel na televisão foi em Os Filhos do Primeiro Ministro, um drama político israelense. Ele também estrelou Scarred em 2013. Apareceu na comédia dramática Mesudarim como um agente do Shin Bet e um Maor na Arca de Noé.

O papel de destaque de Raz, no entanto, surgiu claramente em Fauda. Ele co-criou o show com um velho amigo, Avi Issacharoff, um jornalista israelense, e baseou-se em suas próprias experiências no IDF. Raz interpreta Doron Cabilio, um agente das forças especiais que se disfarça na Cisjordânia.

Quando Fauda, que significa “caos” em árabe, foi ao ar pela primeira vez em Israel em 2015, Raz e seu co-roteirista, pensaram que ninguém assistiria a um drama das Forças de Defesa de Israel (IDF) que analisasse o conflito de ambos os lados, com metade do diálogo em árabe.

A série foi filmada principalmente em Kfar Qasem, uma cidade árabe israelense no topo de uma colina localizada a cerca de 20 km a leste de Tel Aviv, perto da Linha Verde que separa Israel da Cisjordânia. “Em Israel, as pessoas não conhecem tão bem o outro lado”, Raz diz. “A dez minutos de Tel Aviv, há uma cidade palestina. Mas as pessoas mal pensam nisso. Elas não querem falar sobre isso. Queríamos mostrar a todos o que está acontecendo lá.”

Em entrevista à CBC, perguntaram a Raz se ele estava surpreso com a popularidade do programa entre os espectadores palestinos. “Sim, fiquei chocado”, respondeu ele. “Eu não entendia no começo por que eles adoravam. Mas nós amamos a linguagem deles. Eu amo árabe. Cuidamos da língua deles com muita dedicação. Honramos sua linguagem e honramos sua narrativa também. Isso não significa que eu compreenda ou aceite. Sou israelense, sou sionista. Mas eu sei e posso entender que existem outras pessoas com suas próprias opiniões e suas próprias vidas.”

O mais surpreendente é que o show repercutiu em todo o mundo árabe: “ A série a número um no Líbano, número dois nos Emirados Árabes, popular em todo o mundo árabe. Não posso nem andar pelos Emirados Árabes Unidos, estou boquiaberto. “É uma loucura o que está acontecendo. Países que temiam os israelenses, Iêmen, Líbano, Kuwait, Síria, seu povo senta agora comigo, conversando sobre como mudamos sua perspectiva sobre os israelenses.”

Apesar de sua popularidade, o programa gerou controvérsia quando os palestinos pediram a proibição e seus simpatizantes prometeram não assistir a um programa unilateral que glorificava a IDF e suas operações violentas na Palestina.

Mas Lior não se desculpou e admitiu que o programa tinha uma perspectiva judaica porque foi escrito por cidadãos israelenses.

“Existem alguns palestinos que não amam o show e eu posso entendê-los. Mais uma vez, eu e Avi Issacharoff , dois israelenses, escrevemos com nossa visão. Eu adoraria ver um programa palestino sobre israelenses e palestinos a partir da perspectiva deles. Eu adoraria ver isso.”

Lior também atribuiu como crédito de ‘Fauda’ o fato de que muito mais israelenses estão aprendendo árabe, especialmente pessoas como ele, que têm raízes árabes.

A série recebeu 17 prêmios da Academia Israelense e o New York Times a classificou como uma das melhores séries internacionais de 2017.

Lior Raz é um homem compassivo, que adora passar seu tempo livre com a esposa e seus quatro filhos.

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