Saúde

Informações falsas continuam atrapalhando enfrentamento da pandemia

21/01/2022
Divulgação/Governo de São Paulo

A divulgação de mentiras e informações descontextualizas, inclusive pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, tem atrapalhado o combate ao novo coronavírus no Brasil. O questionamento da eficácia e da segurança das vacinas gera insegurança na população e obriga cientistas e veículos de comunicação sérios a deixarem de fazer outras coisas, para dedicarem seu tempo para esclarecer os fatos.

Os prejuízos da desinformação podem ser verificados na prática. O número de pessoas que não completaram a imunização está preocupando as autoridades sanitárias. Cerca de 10% da população deixou de tomar a segunda dose ou a dose de reforço. Na Baixada Santista, isso representa 168 mil pessoas. Em Santos, 40.096 moradores não retornaram aos postos de vacinação (o equivalente a 10,8%).

A pessoa que não completa o ciclo vacinal fica mais vulnerável à covid-19. Pode desenvolver formas mais graves da doença, ficar mais tempo necessitando de tratamento e também ter sequelas mais severas. No Brasil, 80% das pessoas internadas em UTI-Covid não completaram o ciclo vacinal.

A pessoa que não se vacina adequadamente não prejudica apenas a si: ela também aumenta sua capacidade de transmitir o vírus (infecta mais e por mais tempo).

As vacinas são seguras e eficazes

Esta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso de coronavac para imunizar crianças e adolescentes, entre 6 e 17 anos. A diretora da Anvisa Meiruze Souza Freitas, fez questão de deixar claro: “Não há nenhuma vacina experimental sendo aplicada na histórica campanha de vacinação do Brasil. Reforço que as pessoas não são cobaias”, afirmou, em seu relatório sobre a aprovação da vacina. “A Anvisa apenas aprova a vacina após uma avaliação criteriosa que demonstram o cumprimento de padrões de qualidade, segurança e eficácia exigidos para qualquer vacina que seja utilizada no Brasil.

É criminoso difundir mentiras, diz Barra Torres

O diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, não escondeu sua indignação com as insinuações feitas pelo presidente da República. Mesmo sem citar Bolsonaro, o recado foi claro. “Impressionante ver que, em meio a um cenário que aponta claramente para os efeitos do avanço da variante ômicron, ainda há pessoas que dizem que a pandemia está acabando. Ainda há pessoas que dizem que a chegada da variante sinaliza um tempo melhor, sinaliza o fim de uma pandemia já a olhos vistos. Os números não mostram isso. É criminoso buscar difundir mentiras através das novidades mentirosas, do inglês fake news. Isso não é razoável, não é razoável levar esse tipo de informação a inúmeras pessoas que, por vezes, não têm acesso ou não têm tempo para acessar os canais de informação porque estão na luta pela vida, pela sobrevivência”, afirmou.

Barra Torres já havia criticado duramente o presidente, em resposta a outra insinuação de Bolsonaro, de que haveria corrupção na Anvisa. “Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, Senhor Presidente.

Ministro tenta atrasar vacinação

Apesar da urgência em se vacinar as crianças, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, continuou sua tática de atrapalhar a vacinação no Brasil —para agradar o presidente Bolsonaro. Após a Anvisa aprovar a Coronavac, ele disse que ia “aguardar a decisão da Anvisa ser publicada no Diário Oficial” para só depois começar a agir.

O governador de São Paulo, João Doria, fez exatamente o contrário. Assim que a decisão da Anvisa foi anunciada, ele iniciou a vacinação no Estado. “Não precisamos de autorização do Ministério da Saúde para começar a vacinar, especialmente desse ministério. Aqui não há processo de protelação, que duvida de vacinas, duvida que temos uma pandemia. Aqui acreditamos na ciência, vacina e vida”, declarou.

Estratégia dos mentirosos é disseminar o medo

Espalhar o medo, distorcendo ou descontextualizando fatos, é a principal tática dos que disseminam mentiras. Foi o que aconteceu no episódio de uma criança em Lençóis Paulista que, teria desmaiado por ter tomado vacina.

Uma investigação feita por 10 especialistas do Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo concluiu que a criança, na verdade, tem uma doença congênita rara, que a família desconhecia até então.

Para se vacinar contra a mentira, o cidadão precisa recorrer a fontes confiáveis de informação e lembrar que o que está em jogo não é a disputa político-eleitoral, mas sim vidas.