
Em casa, cuidamos de uma Tia, 89 anos, portadora de Alzheimer. Um Amigo, médico conceituado, diz: “É uma doença que maltrata mais as pessoas em volta do que o próprio paciente”. É uma patologia degenerativa que causa a progressiva perda de memória, da lembrança da própria história, da Família e da própria identidade.
Apesar desse processo, temos observado que apesar de desconhecer quase tudo sobre si própria, os hábitos permanecem quase exatamente como sempre foram, intocados.
Que força tem os hábitos! Mas será que estamos fadados a sermos escravos deles? Duvido!
Fui buscar ajuda de Charles Duhhig, Jornalista, ganhador do Prêmio Pulitzer, Autor do best seller O Poder do Hábito. A obra reúne pesquisas científicas, histórias reais e mostra estratégias e técnicas de pessoas que venceram os hábitos. Um guia que nos ajuda a compreender como assumir o controle de nossa vida e sermos quem desejamos ser, por meio de uma explicação de como os nossos hábitos são desenvolvidos.
Desafiador, não? O livro afirma que 40% das ações que realizamos, não são decisões, são hábitos repetidos.
Apresentarei a ideia de forma resumida. O cérebro é o órgão que consome mais energia no corpo humano. Para evitar gastá-la, cria rotinas para economizá-la. São os hábitos.
Esse processo é a soma de: GATILHO (o “problema” que estimula cérebro para ir para o modo automático), ROTINA (as ações para proceder de forma mais simples e rápida) e RECOMPENSA (estímulo que determina se vale a pena lembrar e repetir a rotina).
Está criado o HÁBITO, desejo neurológico poderoso – o qual nem percebemos que está se desenvolvendo. E a mudança de um hábito, digamos, ruim, como acontece? São cinco passos.
Passo 1: Reconhecer o hábito que quer mudar;
Passo 2:Entender o que está ocorrendo quando o hábito desencadeia: Que horas são? Onde está? O sente?
Passo 3: Isolar o gatilho e a recompensa: O que desencadeia o hábito? O que você espera em troca?
Passo 4: Criar uma nova rotina: positiva, substituta da anterior, que atenda de forma mais “saudável” o gatilho;
Passo 5: Repetir a nova rotina: quanto mais, melhor.
Existem “facilitadores” no processo de mudar um hábito. Primeiro, ACREDITAR. Sem fé de que você tem força e coragem, nada muda. Em seguida, buscar proximidade com outros que desejem o mesmo tipo de mudança. Em terceiro lugar, o mais importante de todos, mudar um hábito por vez.
Mudanças exigem grande dose de energia. Não dá para tentar abraçar o mundo. O ideal é começar pelo mais grave ou prejudicial. Mas, sejamos sinceros: às vezes é trabalho demais para quem ainda não domina a técnica de mudar o hábito.
Há alternativa? Sim. Comece pequeno. É o que Charles chama de HÁBITO FUNDAMENTAL. Pequenas vitórias vão criando ânimo e energia para voos mais altos. Aquela sensação boa de subir na balança e ver que perdeu peso após iniciar uma dieta. Transformam o Círculo Vicioso em Círculo Virtuoso, onde uma coisa boa produz outra e assim sucessivamente.
Há um ponto a reforçar: a mudança de hábito transforma pessoas, mas transforma também organizações. Sim, pois elas são movidas e lideradas, por pessoas. São milhares de hábitos, repetidos por cada um de seus membros que formam a cultura organizacional, forma de agir e fazer negócios.
Dica: momentos de crise, criam a sensação de urgência para promover mudanças, criar novos hábitos. Devemos aproveitá-los.
Não podemos controlar a forma como nosso cérebro cria os hábitos, mas uma vez tendo consciência deles, temos a responsabilidade de mudá-los. Vamos lá?
Deixe um comentário