Eduardo Ribeiro Filetti
Com novos casos aparecendo no Brasil e no mundo, manchetes na maioria de jornais do mundo, resolvi escrever este pequeno artigo para tentar elucidar nossos leitores. Doença conhecida há muito tempo, foi diagnosticada pela primeira vez na Itália, em 1878, como Praga Aviária. Em 1955 o vírus foi isolado e identificado com influenza A aviário.
A ocorrência da gripe aviária em humanos, causada pelo vírus H5N1, só foi relatada pela primeira vez em 1997, em Hong Kong. Esta contaminação em humanos se repetiu na Ásia e na Europa nos anos seguintes.
A doença não é muito comum em humanos, apenas quando existe um contato muito próximo entre, uma ave doente e uma pessoa, até hoje aproximadamente 1000 casos no mundo com mortalidade alta, aproximadamente 50 por cento. Já a contaminação do ser humano infectado por ave para outra pessoa é extremamente raro.
A gripe aviária é causada por um vírus classificado com orthomixovirus do grupo A , tipo aviário. Há três grupos de vírus de influenza A,B e C. Estes três grupos ocorrem em humanos. Apenas o grupo A infecta diferentes espécies, animais e humanos. Os vírus influenza A são comumente encontrados em aves aquáticas, como gaivotas, patos, cisnes, gansos, marrecos, trinta-réis, maçaricos, etc. Essas aves compõem o reservatório natural do vírus de influenza. Elas podem ser portadores do vírus e excretar pelas fezes, em muitos casos, não desenvolvem a doença sendo portadores assintomáticos.
As aves domésticas, como galinhas e perus, não são consideradas reservatórios do vírus de influenza, mas são sensíveis à infecção por vírus transmitido por aves silvestres. Porém, as aves que se recuperam da fase aguda da doença podem ficar eliminando o vírus por semanas ou meses, após o final dos sintomas clínicos.
Alguns mamíferos marinhos como os lobos e leões marinhos, focas, baleias e martas podem esporadicamente serem afetados pelo vírus. Pesquisas recentes (2022) detectaram o vírus da gripe aviária em urso preto, leopardo, tigre suíno e cães.
O ciclo natural do vírus ocorre primeiramente a transmissão viral entre as aves silvestres e destas para as aves domésticas. Podem raramente ocorrer transmissão de aves para suínos e dos suínos para humanos e de humanos para suínos. Geralmente, humanos envolvidos no tratamento com aves que são acometidos.
Os principais sintomas da doença são espirros, perda de peso, anemia, tosse, secreções nasais, emagrecimento , alterações no sistema nervoso e grande mortalidade.
Existe uma mortalidade muito acima do normal de aves, podendo ser superior a 60 por cento. O médico veterinário especialista em aves e em doenças infecto contagiosas deve ser contatado para exame destas aves e após exames concluir a doença. Em galinhas contaminadas vamos ter queda da postura.
Existem algumas aves que morrem muito rápido sem apresentar sintomas devem ir direcionadas para a necropsia. Ovos moles, hemorragias nas patas, alterações nas cascas do ovo, fraqueza e hemorragias podem também estar entre os sintomas da doença em aves de postura.
Não existem vacinas licenciadas no Brasil. O meio de transmissão mais comum para aves domesticas é o contado com animais silvestres infectados ou secreções, como fezes e fluidos corporais. Água e objetos contaminados também passar a doença.
Países que notificam surtos de gripe aviária enfrentam barreias sanitárias que limitam a comercialização nos mercados internos e internacional, com grandes prejuízos para avicultura. No Brasil, com os registros feitos até este momento foram em aves silvestres, pelas regras internacionais, ainda fica mantido o status de livre de gripe aviária. Desta forma, a avicultura nacional vem mantendo sua grande atuação nos mercados globais com médias elevadas na exportação, de acordo com dados no setor.
A sanidade dos planteis brasileiros tem sido um forte argumento para competitividade no mercado global. No entanto, a detecção de um foco de gripe aviária em planteis comerciais brasileiros teria um grande peso, considerando que o país é o segundo maior produtos e exportador mundial de frango.
As medidas preventivas devem ser tomadas para evitar graves problemas com o mercado nacional e internacional como o confinamento de aves que são criadas de maneira livre, evitar o contado com aves silvestres, galpões telados e inspecionados diariamente, monitoramento constante do comportamento das aves e afastar rapidamente as que apresentarem qualquer sintomas, diminuir o número de pessoas dos locais das aves, higiene completa dos comedouros, bebedouros e dos locais.
Eduardo Ribeiro Filetti é médico veterinário, professor universitário, pós-graduado em Saúde Pública e membro da Academia Santista de Letras.
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