Quem de nós não conhece uma pessoa que tenha dores por todo corpo, que durma muito mal e acorde no dia seguinte como se não houvesse repousado?
Há uma grande possibilidade de estarmos diante de um paciente com fibromialgia. Para falar sobre esse assunto eu convido o médico Drº Eduardo Yabuta, reumatologista, diretor científico da Associação Paulista de Medicina Santos, Coordenador do Comitê Técnico Científico do município de Praia Grande:
Fibromialgia é uma doença reumatológica peculiar. Diferentemente da maioria, não apresenta natureza inflamatória.
É definida como síndrome dolorosa não inflamatória, caracterizada por dores difusas acima e abaixo da cintura, acometendo pelo menos um dos segmentos da coluna vertebral (cervical, torácica ou lombar), por mais de três meses de duração.
Geralmente, associa-se à uma péssima qualidade de sono, o que gera uma grande dificuldade de enfrentar o dia seguinte.
No exame clínico, notamos os tender points, pontos dolorosos pré-estabelecidos pelo Colégio Americano de Reumatologia.
Além das dores difusas, sono não restaurador, os pacientes podem apresentar formigamentos, tonturas, sensação de inchaço, rigidez muscular, dores de cabeça, depressão e síndrome do intestino irritável, alternando constipação intestinal e diarreia.
Habitualmente, a suspeita de fibromialgia se estabelece com as queixas de dores difusas, sono não restaurador e a presença dos pontos dolorosos no exame físico.
Destaco, entretanto, ser fundamental e obrigatório que outras patologias com sintomas semelhantes sejam descartadas. Não é infrequente que inúmeras moléstias cursem com sintomas semelhantes.
O diagnóstico de fibromialgia é um grande desafio. Não há exames laboratoriais e/ou radiológicos capazes de detectá-la. O exame físico detalhado é fundamental para convicção diagnóstica, com o achado de 11 ou mais pontos dolorosos no paciente com queixas sugestivas.
O tratamento pode ser medicamentoso, realizado com o uso de antidepressivos tricíclicos em baixas doses, inibidores da recaptação de serotonina, anticonvulsivantes (prégabalina). Anti-inflamatórios e corticoides não têm eficácia, já que a fibromialgia não apresenta natureza inflamatória. Devemos ressaltar que todos os medicamentos devem ser prescritos por médicos, em razão de possíveis efeitos adversos que possam ocorrer.
Exercícios físicos são indicados nos pacientes com fibromialgia, especialmente os aeróbicos, os quais podem substituir o tratamento medicamentoso a médio e longo prazos, também sob supervisão médica.
Infelizmente, a fibromialgia não tem cura. Entretanto a busca da redução das dores e melhora da qualidade de vida dos pacientes são os objetivos principais do tratamento. Devemos lembrar que a fibromialgia isoladamente não gera deformidades articulares nos pacientes.
A dica principal é: caso sinta dores difusas, durma mal, acorde cansado, procure um médico reumatologista para investigação imediata.
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