Política & Conversa

Falta de Preparo

05/04/2024
Rovena Rosa/Agência Brasil

Circulou na internet nesta sexta-feira um vídeo de abordagem policial no Canal 4, esquina com a avenida da praia, em Santos, que mostra o quanto a nossa polícia carece de treinamento, ao contrário do que pensa o governador, o secretário de Segurança e os seguidores fanáticos dos dois. Uma dupla de assaltantes tenta furtar um veículo e, quando percebe a aproximação de uma viatura policial, abandona o carro roubado na esquina e foge a pé. A viatura, uma Chevrolet Spin, tinha 2 policiais que imediatamente saem dela para a perseguição a pé. Um dos policiais militares, após um segundo de indecisão, volta para a viatura, que havia sido deixada no meio da avenida, logo atrás do veículo roubado.

Um outro veículo passa ao lado da viatura e do carro roubado e segue em direção à esquina. O policial vem logo atrás, faz a ultrapassagem e dá uma fechada nesse veículo, na esquina, batendo na lateral dele e tombando de lado. A cena chega no limite da comicidade, mas retrata tristemente o despreparo dos policiais e a falta de planejamento dos responsáveis pela segurança.

Em primeiro lugar, a escolha dos veículos para serem usados como viaturas policiais. Quem foi o gênio que escolheu um dos veículos nacionais menos estáveis e adequados para perseguição em alta velocidade, função primordial na escolha de uma viatura policial? Como se trata de um modele com poucas vendas e distante da preferência dos consumidores, fica a dúvida se não foi uma escolha motivada por incentivos financeiros para a compra de veículos encalhados.

Em segundo lugar, o policial que dirige uma viatura conhece ou pelo menos deveria conhecer os limites do carro. Deve e tem obrigação de saber o que pode ou não fazer com esse tipo de veículo. Por isso se questiona o preparo de policiais que terminam operações como a Escudo ou a Verão com duração de meses, com enorme saldo de mortos, mas sem nenhuma investigação concluída, sem realmente sufocar financeiramente o crime organizado e também sem apontar quantos líderes foram efetivamente tirados de circulação.

É essa a política de segurança pública que queremos?

 

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