
O espelho é um velho conhecido de toda mulher. Ele já a viu menina, se equilibrando nos primeiros passos, adolescente, desafiadora, sonhadora. Já a viu apaixonada, confiante, cansada depois de dias longos. Mas poucos espelhos estão prontos para o que acontece quando ela se torna mãe. Porque a maternidade não transforma só a vida e o corpo, transforma também o olhar que essa mulher tem sobre si mesma.
“A maternidade transforma tudo, inclusive a forma como a mulher se enxerga”, diz Erika Kugler, especialista em estética que aprendeu, ao longo dos anos, a escutar essas histórias refletidas nas feições femininas. Muitas mulheres chegam dizendo que se perderam de si mesmas. Que, na tentativa incansável de serem tudo para alguém, deixaram de ser, aos poucos, alguém para si.
O que Erika faz, através da harmonização facial, não é construir um novo rosto, como muitos pensam. É resgatar traços antigos, devolver fragmentos da história que ficaram escondidos sob as camadas do tempo e do amor incondicional. “O protocolo Imago nasceu justamente dessa escuta, para cuidar da mulher como um todo, não só da estética”, ela conta. Porque quando uma mãe se reencontra consigo, não é apenas seu rosto que brilha: é sua alma que respira mais fundo.
Existem muitas mulheres dentro da mesma mãe. Há aquela dos primeiros dias, ainda imersa no amor bruto e avassalador da chegada de um recém-nascido. Seu rosto traz a beleza do cansaço, a força de quem sustenta um mundo inteiro nos braços. Ela quase não se reconhece entre as olheiras e a pele cansada, mas há ali um brilho novo que nenhum tratamento estético pode fabricar — e que merece ser preservado e celebrado.
Depois, vem a mãe que, com o passar dos anos, começa a se reencontrar. Os filhos crescem, a vida reencontra seus próprios eixos, e de repente, surge uma brecha de tempo: uma hora de academia, uma tarde de salão, uma consulta marcada não por necessidade, mas por desejo de se olhar com mais carinho. Esta mulher carrega no rosto a mistura da experiência com a vontade de renascer. E o cuidado, aqui, é sobre acolhê-la na nova fase, respeitando cada ruga de riso, cada linha de história, sem apagar nada — apenas realçando o que nela sempre existiu de mais bonito.
E então chega a mãe que virou avó. Aquela que já viu várias vidas começarem e florescerem diante dos seus olhos. Ela carrega a sabedoria do tempo e, só agora, sente que pode olhar para si mesma sem culpa. Seu rosto pede cuidados específicos: talvez para devolver volumes que a idade levou, talvez para estimular a firmeza que insiste em se render. Mas, acima de tudo, seu rosto pede respeito. Respeito pela caminhada feita até ali, pelas marcas que falam de amores, perdas, conquistas e recomeços.
Cada uma dessas fases demanda um olhar atento, personalizado, humano. Seja para repor volume perdido, estimular o colágeno e tratar a flacidez, ou para modular a musculatura facial de maneira sutil. A estética, aqui, não é vaidade. É reconstrução. É identidade reencontrada. É carinho por quem, tantas vezes, colocou todos os outros antes de si.
Ser mãe é se multiplicar em mil versões de si mesma. E diante do espelho, entre todas essas versões, toda mulher merece enxergar não apenas a mãe que se tornou, mas a mulher que continua sendo. Merece lembrar que antes do amor que transbordou dela para os outros, existia — e ainda existe — um amor-próprio que precisa ser cultivado, nutrido e celebrado.
Em cada ruga, uma história. Em cada marca, uma memória. Em cada linha que o tempo desenhou, a prova de que a maternidade, com todas as suas alegrias e desafios, constrói não apenas novas vidas, mas também novas mulheres — mais fortes, mais plenas, mais belas.
Neste mês das mães, mais do que flores, presentes ou homenagens, o que toda mãe merece é o direito de voltar a se ver inteira. De sorrir para o espelho e reconhecer ali, além da mãe, a mulher. Inteira, viva, pulsante. E isso, talvez, seja o maior presente de todos.
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