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Convívio intergeracional

10/05/2025 Ricardo Mucci
Convívio intergeracional | Jornal da Orla

Há muito tempo defendemos a convivência intergeracional, como sendo um ganha-ganha para todos os envolvidos. Os mais velhos entram com experiência e sabedoria e os jovens com a ousadia e o domínio das novas tecnologias.

Agora, a percepção que era puramente empírica está se confirmando pela ciência. Especialistas em longevidade têm observado que comunidades planejadas, onde pessoas de diferentes faixas etárias socializam e compartilham espaços e atividades, impactam na qualidade de vida, especialmente, dos mais velhos. A constatação consta do último relatório do GLI – Global Longevity Institute, que analisou 25 comunidades em 12 países.

Os resultados indicam que idosos que vivem em ambientes intergeracionais apresentam taxas bem menores de depressão, declínio cognitivo e fragilidade física em comparação com aqueles que vivem em comunidades segregadas por idade. O relatório destaca que a interação regular com pessoas mais jovens mantém os idosos mentalmente estimulados, fisicamente ativos e socialmente engajados.

Outra experiência que tem se mostrado eficaz nesse sentido são as habitações para idosos integradas a escolas ou centros infantis, criando oportunidades para que os mais velhos atuem como mentores ou “avós adotivos”. Em uma comunidade na Holanda, por exemplo, estudantes universitários recebem ajuda-moradia para habitar uma instituição para idosos em troca de 30 horas mensais de convivência com os residentes mais velhos.

O Dr. Thomas Scharf, especialista em gerontologia social, observa que “estas comunidades desafiam a segregação etária que se tornou comum nas sociedades ocidentais e recriam, de forma planejada, o convívio social intergeracional que historicamente caracterizava os agrupamentos humanos”.

O relatório do GLI prevê que, com o envelhecimento acelerado da população global, este modelo de habitação deverá se expandir significativamente nas próximas décadas, especialmente nas grandes cidades. Trata-se de uma abordagem promissora para combater o etarismo, promover o envelhecimento saudável e reduzir os efeitos da solidão que afeta muitos idosos.