
No início da década de 70, Clóvis Edward Hazar tinha uma carreira bem sucedida na área de publicidade em São Paulo quando ouviu falar que uma rádio estava à venda em Santos. Procurou o amigo Evandro Torres, também do ramo de publicidade, e sugeriu uma sociedade. Tornaram-se donos da Rádio Cacique de Santos. Um ano depois, em 1973, surgiu a idéia de criar algo inédito na cidade: um jornal semanal de distribuição gratuita focado em entretenimento e serviço, inspirado no modelo do “Shopping News” e do “City News”, que já circulavam na Capital.
Nascia assim o Jornal da Orla, o “filho” que é motivo de orgulho do seu Clóvis, como é conhecido pelos muitos funcionários e jornalistas das últimas três décadas e meia. “Tenho muito orgulho de ter começado o jornal. E o Edison, no comando, com sua ousadia em investir na parte redacional, deu muito certo.” Evandro já faleceu, mas sua filha, Ivana, permanece no jornal, como diretora comercial.
O negócio de Clóvis Hazar é publicidade e a intenção primeira foi ganhar dinheiro com um jornal recheado de anúncios. “E durante bom tempo ganhamos, tínhamos todo o varejo na mão, grandes lojas como Sears, Tamakavi, Arapuã, Bahia, anunciavam com a gente toda semana. O jornal ia para as ruas com 44 páginas normalmente.”
Segundo Clóvis, não foi difícil conquistar a confiança do comércio local. “Tínhamos os exemplos bem sucedidos dos semanários de São Paulo”. Ele e Evandro arregaçaram as mangas e foram atrás dos anunciantes. A primeira edição saiu com 50 mil exemplares. Difícil foi a distribuição. Os dois eram de São Paulo e contrataram uma empresa da Capital, que não conhecia a cidade, para o serviço. Parte do material encalhou. Aprenderam rapidamente a lição e, já no segundo número, o jornal era distribuído por gente daqui.
A primeira redação ficava no centro da cidade, mas nada era feito em Santos. O material era frio, genérico, comprado de agências de notícias. Alguns jornalistas de São Paulo chegaram a escrever usando pseudônimos, conta Clóvis. O jornal era editado e impresso na gráfica dos Diários Associados, depois passou por gráficas do interior, até se acertar com a gráfica do jornal O Estado de S. Paulo.
A guinada na proposta editorial do jornal se deu com a entrada de Edison Carpentieri, acredita Clóvis Hazar. “Ele, que durante muitos anos atuou como editor, foi quem me convenceu a valorizar também a parte redacional.” Atualmente, o Jornal da Orla apresenta característica de jornal-revista, leve, tratando de política, saúde, moda, comportamento, serviços, turismo e mais. “O jornal conquistou o público leitor e tornou-se uma mídia obrigatória para o anunciante”, afirma.
Pai de duas filhas que lhe deram quatro netos, hoje, aos 77 anos, Clóvis se deu o direito à aposentadoria. Há dois anos casou-se com Jandira, 65, e a família aumentou, agregando os cinco filhos e cinco netos dela. Ele se diz feliz e de bem com a vida, e seu semblante risonho e tranqüilo não nega isso. Divide seu tempo entre Santos, Campos do Jordão e o sítio que possui em Botucatu, mas não abre mão de acompanhar toda semana os passos de seu “filho quase quarentão”.
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