Sala de Ideias

Como as festas de fim de ano afetam nossa saúde mental?

27/12/2022
Pixabay

Dr. Rafael F. Silva

Para muitas pessoas, essa é a época mais esperada do ano, um período de reencontros, festas e comemoração. Porém para outros, esse não é um período tão feliz assim. As dificuldades financeiras, desavenças de família e a saudade daqueles que já não estão mais aqui, pode trazer um sentimento de tristeza e angústia, potencializado ainda mais nos tempos atuais em que as redes sociais ganharam um espaço tão grande em nosso dia a dia, onde vemos a todo momento postagens de pessoas felizes, viajando, comprando…enfim, uma “vida perfeita”, enquanto olhamos para nosso redor e nos deparamos com todas a dificuldades do dia a dia de uma vida real.

Nessa era digital, é preciso tomar cuidado para não cair nessas armadilhas que o mundo moderno acaba colocando em nosso caminho a cada clique.

Se você se identificou com esse segundo grupo, saiba que não está sozinho! Como diria o cantor Walter Franco: “tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”. Sabemos, é claro, que essa não é uma tarefa simples, e exatamente por esse motivos que nós, profissionais da saúde mental, juntamente com o Jornal da Orla, decidimos dedicar um tempo e espaço a esse tema.

É importante lembrar que, embora seja uma época em que todos parecem se preocupar apenas com os presentes, comidas e bebidas, alguns hábitos essenciais do dia a dia não podem ser esquecidos. Alguns pontos relativamente simples podem ajudar muito a mantem nossa saúde mental em dia!

Entre eles, vale ressaltar a importância do sono. É nesse período que “recarregamos nossas baterias”. A falta de um sono de qualidade aumenta nossa impulsividade e irritabilidade, influenciando negativamente nas mais diversas tarefas do dia a dia. Alguns hábitos que chamamos de higiene do sono, como ter uma rotina com horário fixo para dormir; não usar telas (televisão, celular, etc…) próximo ao horário de dormir, além de evitar refeições pesadas e ingesta excessiva de líquidos nesse período, contribuirão para um sono realmente reparador.

Não poderíamos deixar de falar também sobre alguns exageros bastante comuns que são praticados nessa época como o excesso de comidas e bebidas, associado a uma despreocupação com atividades físicas. Se por um lado não há saúde física sem saúde mental, o contrário também é válido. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prática de no mínimo 150 minutos semanais de atividade moderada (como caminhadas, subir escadas, jogar futebol…), está associada a redução da mortalidade e melhora do bem esta mental.

O ser humano é uma combinação das dimensões física, mental, social e espiritual. Todas essas áreas precisam de atenção. Alinha as expectativas, trançando metas reais e plausíveis é essencial para evitarmos frustrações. E independente de religião, a espiritualidade não pode ficar de fora dessa lista de prioridades, ela está relacionada ao sentido que damos a vida. Ter claro para nós mesmos quem somos, do que gostamos, nos permite ser mais assertivos na tomada de decisões e assim desenvolver nosso auto-respeito.

Por último, gostaria de ressaltar a importância da procura de ajuda profissional quando sentimos que algo não está bem. Sabemos que em pleno século XXI, ainda existe muito preconceito com essa área, mas estamos aqui para desmitificar a saúde mental, mostrar seus benefícios e assim ajudarmos nossos pacientes a terem cada vez mais autoconhecimento e qualidade de vida.

Desejo a todos um próspero ano novo!
Dr. Rafael F. Silva – Psiquiatria geral / infância e adolescência (CRM – 198.974)

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete a linha editorial e ideológica do Jornal da Orla. O jornal não se responsabiliza pelas colunas publicadas neste espaço.