Golpe do amor, do presente de aniversário, do sequestro de filho e por aí vai. Quem não viveu uma situação como essa ou conhece alguém que passou por isso? O pior é para quem cai nessas ciladas, fica a vergonha e muitas perguntas: Como não percebi? Logo eu que me achava tão inteligente? Conheço a pessoa há anos e nunca imaginei que seria tão ingênua…

Melhor não jogar a primeira pedra. Ninguém está livre de passar por isso, essa gente tem a tecnologia a seu favor e se reinventa. Logo aparecem novas ciladas e fica difícil acompanhar tanta criatividade.

Confesso que há uns 15 anos eu quase caí. Estava em Santos e o telefone tocou duas da manhã. Uma voz de mulher desesperada chamava: Mãe! Mãe! Desliguei na hora atendendo à razão, afinal era uma arapuca já conhecida. Mas o coração foi além. E se fosse verdade? Liguei para minha filha em São Paulo, mas não atendeu ao celular. Liguei para o fixo, e nada. Falei com meu filho e ele me tranquilizou dizendo que ela devia estar dormindo. Não aguentei, liguei para o porteiro do prédio e pedi para ele subir e tocar a campainha com insistência. Ele percebeu meu desespero, deixou o posto e foi. Sorte que a campainha era forte e ela acordou. Perdi o sono, mas fiquei tranquila.

Para dar uma ideia da gravidade da situação, os números assustam: segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, os idosos são as maiores vítimas de violações contra direitos patrimoniais: dos mais de 74,2 mil casos registrados pela pasta, 43,6 mil afetaram pessoas dessa faixa etária, até setembro no ano de 2024.

A imagem do velho vulnerável, carente e solitário é sedutora para os golpistas. Quantos homens e mulheres, principalmente, caem no conto do amor romântico e se apaixonam por alguém que nunca viram pessoalmente?

Trocam mensagens, fotos (falsas geralmente do outro lado), fazem confidências e se envolvem, inclusive mandando dinheiro? E esse povo faz tudo tão bem, que as conversas chegam diretamente no ponto frágil. Eles pesquisam fotos, mensagens, sabem tanto de nós que nem imaginamos.

Por isso é preciso estar muito atento e ler sobre o tema para conhecer as novas trapaças e investidas. As principais são: boletos falsos por e-mail; oferta de empréstimo consignado e cartão de crédito; mensagens em sites de namoro ou nas redes sociais; atropelamento de parente; falsa central de atendimento de bancos; maquininhas alteradas que trocam seu cartão, muito usado no golpe do presente de aniversário; falso processo judicial; mulheres ou homens jovens interessados por velhos bem de vida.

Portanto, todo cuidado é pouco. Desconfie de tudo, nesse nosso mundo não sabemos mais o que é real. Verifique as informações, peça ajuda a parentes, amigos e advogados, se for o caso. E como sempre, vou dar dicas de dois ótimos filmes que tratam do tema com leveza.

A grande mentira 
Em um jogo de gato e rato, o filme de suspense e drama tem dois atores excelentes: Ian McKellen, como o golpista Roy Courtnay, que resolve aplicar seu ardil mais uma vez quando conhece a recém-viúva Betty McLeish (Helen Mirren) online. A mulher abre sua casa e sua vida para o vigarista, mas ele começa a se importar com ela.

Thelma
June Squibb está maravilhosa como uma senhora de 94 anos que cai no velho golpe do telefonema de alguém que finge ser da família: um homem diz ser seu neto e pede 10 mil dólares para pagar a fiança por atropelar uma mulher.

Quando descobre que foi enganada e irritada com o descaso da polícia, a nonagenária vingadora entra em ação.