A Câmara de Santos deve votar hoje o pedido de convocação do secretário de Secretaria de Desenvolvimento Social de Santos, Elias Júnior, para que ele explique se deu uma “ordem expressa” para reduzir pela metade a quantidade de alimentos fornecidos nos equipamentos da Prefeitura.

A denúncia surgiu após a divulgação da ata de uma reunião de Elias com a equipe de nutrição dos abrigos municipais. O documento registra a determinação do secretário de reduzir a comida “para o exato número de acolhidos, sem quantidade a mais”.

O requerimento para a presença do secretário na Câmara foi feito pela vereadora Débora Camilo (PSOL). “É um absurdo uma cidade que arrecada mais de R$ 5 bilhões por ano racionar comida e sucatear um serviço fundamental no combate às desigualdades. Não podemos viver em uma cidade em que pessoas saiam das ruas para passar fome dentro de um equipamento público de acolhimento”, disse.

Cabo de guerra

A denúncia contra Elias é o ponto máximo da tensão entre ele e funcionários da Secretaria de Desenvolvimento Social. Assim que assumiu o cargo, Elias promoveu uma série de mudanças, segundo ele, para reduzir e otimizar gastos.

Várias medidas desagradaram os servidores. Entre elas, a entrega do imóvel usado como abrigo sigiloso para mulheres vítimas de violência, por considerar o aluguel caro. Outras decisões criticadas foram realocar funcionários em espaços que não comportam todos e não pagar mais do que 20 horas extras aos servidores que fazem plantão nos abrigos abertos 24 horas e, em vez disso, implantar um banco de horas.

Absurdo

Elias Júnior considera um absurdo a acusação de que teria determinado a redução no fornecimento de comida. “Ao contrário, escutamos a nutricionista e incrementamos a alimentação com frutas e pães. Nenhum equipamento da Prefeitura tem falta ou racionamento de alimentos”.
Em relação às outras medidas, o secretário explica que, na verdade, está realizando um trabalho de reavaliação das unidades, para implementar melhorias estruturais e ampliar os atendimentos.

Convocação ou convite?

O Jornal da Orla apurou que a base de apoio do governo pretende mudar o status da presença de Elias Júnior de “convocação” (à qual ele seria obrigado a ir) para “convite” (situação que reduziria o constrangimento).

No Palácio José Bonifácio, a avaliação é de que Elias Júnior, na ânsia de “mostrar serviço”, acabou entrando em rota de colisão com os funcionários de carreira da Secretaria de Desenvolvimento Social de Santos.
Se ele continua no governo? “Vai depender dele…”, diz uma das pessoas mais influentes do governo municipal.