Ana Paula Siqueira*
Ao chegar na première do novo filme do ator Michael B Jordan, intitulado Creed III, a apresentadora do programa de rádio americano Morning Hustle, Lore’l, reconheceu-o imediatamente. Apresentando-o para seus ouvintes ela disse sorridente: “Vocês sabem, nós nos conhecemos lá da Chad Science em Newark”.
O artista ouviu sua introdução com uma postura pouco receptiva: um meio sorriso com um ar de desdém e corpo ligeiramente afastado da radialista que o entrevistava. Então interrompeu-a e perguntou: “Eu era o garoto cafona, certo?”. Embora já tivesse passado muito tempo desde os dias de escola, a lembrança persistia e parecia trazer-lhe memórias desagradáveis.
O bullying é uma prática que tem efeitos duradouros, especialmente se não tratada de forma adequada. Os jovens que sofrem de bullying experimentam sentimentos persistentes de ansiedade, depressão e baixa auto-estima. Em alguns casos, eles também desenvolvem problemas graves como transtorno de estresse pós-traumático (PTSD), visto que as lembranças ficam fixas na memória da vítima. Além da saúde mental, os efeitos a longo prazo do bullying também incluem problemas de aprendizagem, dificuldades nas relações interpessoais e a longo prazo, reflexos no mercado de trabalho.
Os jovens que são vítimas de bullying na escola enfrentam um risco aumentado de problemas emocionais e comportamentais, tanto no presente quanto quando atingirem a idade adulta. Estudos demonstraram que as vítimas frequentemente possuem baixa autoestima e depressão como resultado do abuso. O bullying também pode levar à agressividade e à desobediência na adolescência, pois muitas escolas e famílias tendem a lidar com os problemas da maneira equivocada.
O bullying também pode ter gravíssimos efeitos negativos à saúde física das vítimas, incluindo doenças crônicas e problemas digestivos relacionados à ansiedade. Além disso, as crianças vítimas de bullying têm maior probabilidade de enfrentar ataques cardíacos ou outras doenças cardiovasculares, devido ao estresse crônico ao qual são submetidas.
No entanto, há esperança, como é o caso do ator Michael B Jordan. Existem maneiras pelas quais pais, professores e responsáveis podem continuar combatendo o bullying com sucesso. Os pais precisam ser capazes de identificar os sinais de que seus filhos são vítimas de bullying e aprender a lidar com este comportamento. Professores e responsáveis também precisam criar ambientes onde os alunos se sintam seguros para discutir os problemas. Isso pode incluir a criação de uma forte cultura de paz na sala de aula e no ambiente escolar, conforme está na lei 13.185/15 – a lei do bullying.
* Ana Paula Siqueira é sócia do Siqueira Lazzareschi de Mesquita Advogados, mestre em Direito Civil, professora universitária e diretora da ClassNet Consultoria
