Porto

A estranha sede de Tarcísio para privatizar autoridade do Porto de Santos

02/02/2023
Leandro França/XP

Governador disse que desestatização “está na boca” mesmo processo não estar mais sobre sua alçada

Causou estranheza em muita gente que acompanha o destino do Porto de Santos as declarações do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, durante um evento promovido por uma empresa do mercado financeiro, na quarta-feira (1º).

Tarcísio disse que a privatização da autoridade portuária do Porto de Santos está “na boca”, mesmo após o novo governo federal, em diversas oportunidades, descartar taxativamente o prosseguimento do processo de desestatização da Santos Port Authority (SPA).

Durante a XP Agro Conference, o governador disse que espera convencer o presidente Lula. “Estamos colocando os argumentos, tive oportunidade de falar com Lula, ele disse ‘em princípio, eu sou contra, mas estou pronto para receber argumentos, para ser convencido, posso mudar de opinião se o projeto for bom'”, disse Freitas.

“Está pronto (o processo para a privatização), vai ser um espetáculo”, afirmou, destacando o que considera como vantagens. Segundo ele, a desestatização pode gerar até R$ 20 bilhões em investimentos e empregos.

No evento, Tarcísio revelou que irá agendar uma conversa com o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, para colocar seus argumentos. França já se manifestou contrário à desestatização da autoridade portuária: “Seria como abrir uma concorrência e entregar a autoridade da Policia Federal ou da PM ao poder privado”, afirmou no dia 16, ao participar da inauguração de uma passarela para pedestres atrás da Alfândega, no Centro de Santos.

O ministro ressaltou que alguns serviços, como a dragagem, podem ser concessionados à iniciativa privada.

O que causa estranhamento neste momento é o empenho de Tarcísio, que foi ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro, em viabilizar esta desestatização. Não é segredo que o governador é um entusiasta das privatizações —defende, por exemplo, a da Sabesp— mas agora a decisão deste processo está nas mãos do atual governo federal.

Ainda se desconhece as razões pelas quais ele decidiu seguir este rumo.