Geral

Anderson Bianchi era a personificação da generosidade e bom humor

23/10/2021
Anderson Bianchi era a personificação da generosidade e bom humor | Jornal da Orla

– E aí, Jacaré?

Era assim que o fotógrafo Anderson Bianchi me cumprimentava toda vez que iniciávamos uma conversa, desde o primeiro dia em que nos conhecemos, ainda no século passado. 

Era. Anderson morreu na madrugada de 17 de julho, vítima de covid-19.

Sempre bem humorado, solícito, otimista. Quando eu perguntava se estava tudo bem, respondia:

– Tudo na paz…

Vibrava com o sucesso dos amigos como se fosse dele. Mesmo atolado de tarefas, parava o que estava fazendo para ajudar os outros. 

Em tempos de zap-zap, falávamos muito pelo telefone. A fala tranquila e a gargalhada contagiante eram irresistíveis. Bom papo, fluía pelos assuntos com leveza e sabedoria, a ponto de, ao final de ligação, eu perguntar: “Para quê eu te liguei, mesmo?”.

Pessoalmente, pior ainda. Quando juntávamos eu, ele e Marcelo Martins (outro companheiro secular) o papo engatava e o entrevistado que esperasse, mesmo que fosse o próprio prefeito.

Nas coberturas jornalísticas em que cruzávamos, ele sorrateiramente tirava uma foto minha em pleno exercício de sofrimento e depois me mandava o registro. Meu paparazzo particular.

Excelente fotógrafo: suas imagens são capazes de nos fazer sentir o suor da passista tocando nossa própria pele, o perfume das flores do jardim, o calor do sol praiano sobre os ombros, a crocância do pastel… 

Não foi uma fatalidade. Anderson é mais uma vítima do comportamento canalha de Jair Bolsonaro e dos demais facínoras que o apoiam — muitos (muitos, mesmo!) próximos a nós. 

Fica a gratidão, a saudade e a frustração de que o próximo almoço para “quebrar o rodízio” nunca acontecerá. Valeu, Jacaré!!