A Prefeitura de Santos lançou, na terça-feira (8), em parceria com a Universidade Federal Paulista (Unifesp), o Observatório da Interface entre Ciência e Políticas Públicas para o Desenvolvimento Sustentável. O anúncio foi feito em live comemorativa ao Dia Mundial do Oceano (8).
O observatório é um espaço inovador que irá unir acadêmicos, Poder Público e a sociedade para pensar juntos o futuro de Santos. Dessa maneira, passará a planejar as ações locais com base na ciência para atingir as metas da Agenda 2030 e da Década do Oceano, que foi o tema da live, e que começa neste ano – organizada pela ONU, busca aprimorar a disponibilidade de dados e fortalecer a gestão sustentável do oceano.
Participaram da live o prefeito Rogério Santos; o professor Ronaldo Christofoletti, da Unifesp; o representante da Unesco no Brasil, Fábio Eon; o secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marcelo Morales; a coordenadora do MCTI, Karen Cope.
PARCERIA
O trabalho do observatório será feito por meio de oficinas que identificarão os desafios e farão o monitoramento dos avanços, unindo o desenvolvimento local às agendas globais. "Cria um espaço de gestão muito importante que traz a questão da ciência transformadora da década, que não é só feita pela academia e a tomada de decisão que não é feita apenas pelo Governo. É um espaço que congrega", disse o professor Ronaldo Christofoletti.
“Essa parceria que estamos travando para questões urgentes se dá em um momento que o mundo passa por grandes dificuldades. Nosso interesse é muito grande em desenvolver pesquisas e vamos juntos vencer questões de sustentabilidade e desenvolvimento econômico com a economia azul. Nossos projetos precisam ser potencializados para que Santos mantenha seu maior patrimônio, que é a qualidade de vida”, destacou o prefeito.
Rogério ainda salientou que a Cidade tem no oceano sua principal característica e atividade econômica, com o maior Porto da América Latina. “Agora buscamos o foco da pesquisa dos oceanos, pois Santos tem essa vocação e conta com seu Parque Tecnológico, onde uma das vertentes é o oceano. A Década do Oceano começa hoje”.
O representante da Unesco no Brasil, Fábio Eon, discorreu sobre o propósito da década, que é trazer a cultura oceânica para o entendimento da população. ”É um ecossistema complexo e responsável por 97% de toda a água do planeta, mas que conhecemos muito pouco. Para um pescador é motivo de sustento; para várias pessoas é lazer e memória afetiva. São todas razões legítimas e válidas”.
INSTITUTO DO MAR
O secretário de Pesquisa Científica do Ministério de Ciências, Tecnologias e Inovações (MTCI), Marcelo Morales, sublinhou a preocupação de Santos com os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, alinhando o local com o nacional e o global. ”É notável o engajamento da Cidade na década oceânica e o compromisso do governo local”, disse, contando que tem memória afetiva com Santos. “Foi onde vi o mar pela primeira vez”.
Disse também que, até o final do ano, o Brasil contará com um Instituto Nacional do Mar, organização social que norteará as ciências oceânicas do país e que proporcionará maior interação entre pesquisadores. ”Tudo para que tenhamos o oceano que queremos e que o Brasil seja um líder na América do Sul”.
A coordenadora do MCTI também parabenizou a parceria entre Santos e Unifesp: "Hoje é o primeiro Dia Mundial do Oceano no primeiro ano da Década do Oceano. Já temos aqui, com a apresentação do Observatório de Santos, um portfólio que ilumina nossos caminhos e que mostra o que é possível fazer. Queremos aprender com vocês", completou.
Projeto pretende transformar o Dique da Vila Gilda
O projeto Parque Palafitas, desenvolvido em parceria com o escritório Jaime Lerner, falecido há duas semanas, que transformará o Dique da Vila Gilda em área de recuperação e de uso habitacional com alternativas inovadoras, foi apresentado na live. “Temos a maior palafita do Brasil em uma área totalmente degradada e desorganizada do ponto de vista social e de sustentabilidade. São mais de 6 mil famílias que ali moram e queremos dar uma solução de desenvolvimento social e sustentável”, explicou Rogério Santos.
Será uma reorganização da região com uma estrutura habitacional, intercalada com a revitalização da flora e da fauna, e o convívio das comunidades com o mangue. “É um resgate da cultura das pessoas que ali moram e do bom convívio do meio ambiente, do oceano e do mangue com a ocupação humana”.
Durante a live, o prefeito ainda apresentou outros projetos e programas que já têm o Oceano como tema na Cidade como o "Santos à Luz da Leitura", desenvolvido nas escolas municipais; a pesquisa Identificação das Fontes e Resíduos Marinhos e o estudo sobre o descarte de petrechos de pesca, pesca fantasma, o Aquário Municipal e seu viés educativo, entre outros.