Pesquisa investiga se brasileiros sabem como descartar equipamentos de proteção individual
17/05/2021Pesquisa online lançada pelo Projeto Coral Vivo quer descobrir se os brasileiros sabem se existe em suas cidades uma forma de fazer o descarte adequado de equipamentos de proteção individual (EPIs) contra a covid-19, entre os quais máscaras, luvas e toucas, e se estão informados sobre esses locais. A pesquisa ficará disponível para receber as respostas até o próximo dia 27.
A coordenadora de Educação do Projeto Coral Vivo, Thaís Melo, disse, em entrevista à Agência Brasil, que há suspeita de que esse material não está sendo descartado da maneira correta.
Para confirmar essa suspeita, o projeto está pedindo a ajuda das pessoas, porque muitos EPIs domésticos usados na proteção contra o novo coronavírus estão sendo descartados, inclusive nos oceanos, como resíduos comuns.
“Só que eles podem estar contaminados e deveriam ser tratados como lixo hospitalar. Tem que ter um descarte adequado”, apontou. Ressaltou também que os garis e catadores podem ter contato com esse material e acabar sendo contaminados.
Segundo destacou Thaís, o Projeto Coral Vivo tem uma dupla preocupação com o descarte incorreto de máscaras e luvas, principalmente. A primeira está ligada ao fato desse material estar contaminado e virando um problema de saúde pública. A segunda preocupação é a questão física da máscara que acaba indo parar nas praias e nos mares, o que tem gerado grandes prejuízos aos organismos marinhos.
Campanha nacional
A partir do resultado da pesquisa, que vai traçar um panorama da realidade, o Projeto pretende fazer uma campanha nacional de descarte correto, buscando parcerias com o Poder Público, prefeituras, empresas. “Para que a gente tenha um olhar para isso e consiga desenvolver ações que minimizem os impactos que esse material contaminado possa estar gerando, não só para a sociedade, mas para o ambiente”, afirmou Thaís.
Poluição marinha
De acordo com levantamento divulgado pela organização não governamental Ocean Conservancy em dezembro do ano passado, estão sendo jogadas nos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico 129 bilhões de máscaras descartáveis e 65 bilhões de luvas plásticas por mês. E ninguém sabe ainda em quanto tempo esse material será decomposto. A forma mais recomendada de descartar esses materiais é embalando-os em um saco plástico, que deve ser fechado antes de ser jogado na lixeira.
Em entrevista ao Jornal da Universidade de São Paulo, o professor Alexande Turra, do Departamento de Oceanografia Biológica do Instituto Oceanográfico da universidade, chamou a atenção para os sérios riscos que correm os organismos marinhos diante do descarte incorreto desses materiais, que podem ser ingeridos pelos animais, inclusive quando se degradam no longo prazo gerando fragmentos conhecidos como microplásticos.
Turra observou que a ingestão desses resíduos “leva, normalmente, a uma falsa sensação de que o organismo está saciado em termos de alimentação e isso leva os animais a um processo de inanição que acaba, muitas vezes, levando à morte”.