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Jimmy Cobb – O último de chr39Kind of Blue”  

04/06/2020
Jimmy Cobb – O último de chr39Kind of Blue”   | Jornal da Orla

O Jazz perdeu no dia 24 de maio, o último músico vivo que havia participado das gravações do disco “Kind Of Blue”, do lendário trompetista Miles Davis. Falamos do incrível baterista Jimmy Cobb, dono de um estilo marcante, econômico e absurdamente seguro.

Daí veio a inspiração para escrever um pouco sobre este grande músico americano autodidata, nascido em Washington (1929), que começou a tocar bateria com 18 anos. Na década de 1950, se mudou para Nova Iorque em busca de novas oportunidades e lá conheceu e se tornou amigo de Miles Davis.

Além de Miles Davis, Jimmy Cobb acompanhou no palco e nos estúdios os gigantes John Coltrane, Wes Montgomery, Sarah Vaughan, John Henderson, Julian Cannonball Adderley entre tantos outros nomes importantes.

Jimmy Cobb esteve pela última vez no Brasil no ano de 2009 para participar das comemorações dos 50 anos de lançamento do disco “Kind Of Blue” e se apresentou em São Paulo no Citibank Hall (antigo Palace, localizado no bairro de Moema), dentro da programação do Bridgestone Music Festival, ao lado da sua afinadíssima “So What Band”. Show histórico!

O disco “Kind Of Blue” foi gravado em 1959, 61 anos atrás e que se tornou o disco mais vendido e cultuado da história do Jazz e pode ser considerado como um dos mais importantes de todos os tempos.           

 
Apenas 5 faixas (“So What”, “Freddie Freeloader”, “Blue In Green”, “All Blues” e “Flamenco Sketches”), aproximadamente 45 minutos de duração e uma reunião espetacular de músicos do quilate de Bill Evans (4 faixas) e Winton Kelly (1 faixa) no piano, Paul Chambers no contrabaixo. John Coltrane e Julian Cannonball Adderley nos saxofones e Jimmy Cobb na bateria. 

Lançado pela gigante da época, a gravadora Columbia, o disco curiosamente foi gravado numa igreja localizada na Rua 30 em Nova Iorque, transformada em estúdio. Os 5 temas foram gravados em apenas 2 dias e sem ensaios. Os músicos seguiram apenas os esboços das partituras e tiveram que improvisar, provando para todos nós a tese de que quem sabe, faz ao vivo. Ali estavam reunidos os melhores!

 

Surgia naquele momento também a criação suprema de Miles Davis, o jazz modal, que veio na contramão do bebop, que reinava soberano na época. Ele conseguiu de forma mágica unir e harmonizar as personalidades diferentes dos músicos e extraiu deles o seu melhor, conseguindo atingir naturalmente a plenitude. Tudo foi espontâneo, sem regras, prevalecendo apenas o sentimento. Coisas de gênio!

Miles Davis começou a tocar com apenas 13 anos de idade e ganhou um trompete do seu Pai, que queria fazer uma brincadeira com a sua Mãe, que era pianista e não gostava nem um pouco do som do trompete. O resultado desta brincadeira você já conhece.

Miles Davis se transformou num dos músicos mais cultuados e admirados da história do Jazz. Influenciou e continua a influenciar várias gerações de músicos, tanto no Jazz como no Rock. Ele inclusive recebeu uma homenagem no Rock And Roll Hall Of Fame. 

Da sua incrível carreira, particularmente gosto mais da fase entre as décadas de 1950 e 1960 e tenho que confessar que não compreendo as suas fases experimentais que vieram depois. Questão de gosto.

Até breve Jimmy Cobb e todos aqueles músicos geniais liderados por Miles Davis (26/05/1926) que participaram do clássico e definitivo “Kind Of Blue”. A nossa eterna reverência!